Feminismo e Campesinato no Brasil



Feminism and Peasantry in Brazil

Feminismo: Movimento protagonizado pelas mulheres que lutam pela libertação, indo além da emancipação, segundo Frei Betto (2001).

Movement performed by women who fight for liberty, beyond emancipation, according to Frei Betto (2001).

Campesinato: Modo de vida e trabalho das famílias que se utilizam de mão de obra do núcleo familiar para a produção conforme a necessidade. Obtém excedente e não lucro, não caracterizando economia capitalista. Para Ellis in Carvalho (2005) há engajamento parcial em mercados incompletos. (Carvalho, 2005).

A way of life and a form of working of families that product according to the necessity, throughout the effort of their own members. There is exceeding production and no profit, without characterizing it as a capitalist economy. To Ellis in Carvalho (2005), there is partial engagement in incomplete markets. (Carvalho, 2005).

Resumo: Foi através da luta e da resistência que as mulheres colocaram suas demandas na sociedade. Enquanto sujeitos, ainda falta-lhes reconhecimento e poder, por mais que tiveram algumas conquistas. O campesinato além de ser espaço de produção e reprodução da vida, tem sido, em grande parte, violento e conservador para com as mulheres. Eis o desafio da construção do feminismo no campesinato, para a transformação das relações patriarcais.

Abstract: Women have presented their demands in society through fight and resistance. While protagonists of their actions, recognition and power are elements not yet reached, even though they have already had some victories. The peasantry, besides being the place for life production and reproduction, has also been, in many times, violent and conservative to women. This is the challenge to face: the feminism construction in peasantry, aiming at the transformation of the patriarchal relations.

Palavras chave: feminismo, campesinato, mulheres, poder.

Keywords: feminism, peasantry, women, power.

O Objetivo deste artigo é fazer a articulação dos temas feminismo e campesinato, ou seja: apontar o entrecruzamanto bem como algumas contradições e convergências existentes entre ambos, na sociedade classista e patriarcalista[1]

 

Feminismo e campesinato são temas carregados de contradições em si e entre si. A abordagem ao campesinato, necessariamente, implica admitir e explicitar as relações estabelecidas entre os sujeitos camponeses e camponesas que vivem e trabalham no campo (Carvalho, 2005). Logo: eles e elas constroem vínculos entre si, sendo que estes, por sua vez, podem ser chamados de relações de gênero. Tais relações não podem ser negadas ou tidas como algo sem importância, pois, se fazem no e do cotidiano das pessoas, em todos os espaços.

Faz-se necessário, entretanto, considerar que para além das relações de classes, existem as de gênero, sendo ambas de poderes desiguais: dos ricos para com os pobres e dos homens para com as mulheres, na sociedade patriarcal (Saffioti, 1969).

O feminismo surgiu pela luta das mulheres para evocar o poder que as constitui como seres humanos. O mesmo possui o objetivo de colocar as mulheres em equiparidade com os homens (Gebara, 2001). Por outro lado, se deve considerar que a igualdade entre homens e mulheres, na sociedade capitalista não é possível (Mészáros 2002).

 

Juntar os dois conceitos na perspectiva de refletir em torno deles e afirmar que é possível o feminismo no campesinato, é bastante ousado e desafiador. Por isso vão ser trazidas algumas contradições destes temas, assim como, entre ambos. Se é possível escrever sobre esta junção é porque já existem práticas que apontam isto.

 

Como será abordado feminismo e campesinato, é preciso um primeiro olhar para a formação sócio-histórica do território que veio a ser o Brasil, pois há contradições e construções desde o surgimento dos humanos e suas práticas sociais.

 

De forma geral, atualmente, já se admite que foram as mulheres que inventaram a agricultura e os primeiros instrumentos de trabalho[2]sendo que elas, na era primitiva, garantiam cerca de 80% da subsistência das pessoas[3]Então, como uma das primeiras contradições, há de se questionar porque o primitivismo é considerado um atraso e praticamente desligado do campesinato atual?

Alguns estudos apontam que a ocupação da América Latina teria acontecido em torno de 50 000 anos atrás. Outras afirmações situam o mesmo fato entre 10 000 a 20 000 anos (Maestri,2000). Sabe-se, também, que nesta mesma época, começa a se evidenciar o patriarcado (Muraro, 2004). E, foi com o estabelecimento deste, que as mulheres perderam liberdade e poder sobre si e seus trabalhos, nas relações desiguais, forjadas, que se perpetuaram entre homens e mulheres. Quando elas foram afastadas da função que lhes proporcionava reconhecimento[4]passaram a ser vistas como frágeis e incapazes, portanto, surge a necessidade de serem "protegidas" por alguém forte, que é o homem.


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