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AtlantisBPnet: Um projectoem busca das Boas Práticas da Sociedade da Informação e da Comunicação nos (página 2)

Lídia Oliveira Silva

Além disso, contribuirá para reforçar o papel e a notoriedade do "Espaço Atlântico" no desenvolvimento da Sociedade de Informação a níveleuropeu e internacional.

Boas Práticas

Hoje em dia é indispensável a identificação de projectos de "Boas Práticas" em qualquer das áreas de actuação emque estes se desenvolvem. Esta identificação cumpre com um duplo objectivo: o reconhecimento de um trabalho bem feito e a possibilidade de implementar a experiência noutro local, seja ele de âmbito local, regional ou nacional.

Este último ponto, a "transferibilidade", é fundamental já que graças à experiência adquirida e aos erros (que também permitem aprender), se favorece a implantação de um mesmo projecto noutra Comunidade com um custo e um número de incidências mínimo.

No entanto, até ao momento, a valorização de um projecto como exemplo de Boas Práticas pode ser subjectiva já que não se realiza nemcom base numreferencial comum nemso bum ponto de vista globale comparativo comprojectos semelhantes que tenham sido desenvolvidos noutros âmbitos (logo a implementação da experiência noutro contexto não será tão proveitosa como seria desejável).

Para conseguir obter um conjunto de Boas Práticas representativas e transferíveis no território do Espaço Atlântico, a selecção, a análise e a valorização das mesmas deve basearse num método consensual e com critérios únicos. Isto permitirá, por um lado, que os agentes distintos que desenvolveme / ou avaliam projectos tenham uma referência clara para exame, e, por outro lado, que os actores que desejem implementar a experiência tenham uma referência clara da adaptabilidade ao seu caso e problemática a resolver.

Os Indicadores

A problemática

A definição de um conjunto de indicadores que sirvam para avaliar diferentes tipos de projectos tem como um dos grandes obstáculos a diversidade na tipologia desses mesmos projectos e das áreas temáticas em que se enquadram e que, pela natureza das suas características, requerem indicadores de avaliação específicos.

Outro obstáculo, está relacionado com as necessidades que levam à construção desses mesmos indicadores, isto é, dependendo dos objectivos da avaliação final, tem sido definida uma tipologia e número de indicadores diversos.

Indicadores Utilizados no AtlantisBPnet

Das tipologias de indicadores existentes uma parte significativa corresponde a indicadores de natureza estatística como é o caso dos indicadores produzidos pelo Observatório da Sociedade da Informação (OSIC), INE e do EUROSTAT.

Outros indicadores, são construídos emtorno de áreas temáticas específicas como objectivo de avaliar os projectos que nelas se inserem (por exemplo, os indicadores definidos nos projectos PRISMAe BISER).

Dada a dificuldade de conseguir avaliar, com a tipologia de indicadores existentes, a diversidade de projectos susceptíveis de serem considerados boas práticas no âmbito do AtlantisBPnet, o Consórcio do Projecto optou pela definição de um conjunto de indicadores próprio, o mais abrangente possível, e que seriam os mais apropriados para atingir os objectivos previstos.

Desta forma, os indicadores seleccionados para realizar a avaliação das diferentes iniciativas e projectos no âmbito do AtlantisBPnet foram pensados de forma a servirem para avaliar qualquer tipo de projecto, independentemente das suas características específicas. Assim sendo, os indicadores definidos foram distribuídos por 5 grupos:

1. Exequibilidade e Sustentabilidade

  • Exequibilidade – será o projecto exequível com os recursos disponíveis durante o seu tempo de vida?

  • Sustentabilidade – poderá o projecto gerar mecanismos de sobrevivência além do período em que tem financiamentos?

  • Transferibilidade: avaliação da possibilidade de um projecto (e respectivas técnicas de gestão e inovação) ser transferido para outras regiões ou sectores com as devidas modificações dependendo das especificidades económicas, culturais e sociais dessas regiões ou sectores.

  • Visibilidade – potencial, natural ou desenvolvido, para se afirmar e tornarse como algo útilou exemplo a seguir na sua área de intervenção.

2. Inclusão de Impacto Estratégico;

  • Estratégia – o projecto tem origem num contexto mais alargado que envolva desenvolvimento estratégico?

  • Formação de Parcerias – avaliação do número de parceiros envolvidos no desenvolvimento do projecto e do estabelecimento ou não de coligações alargadas resultantes do envolvimento no projecto;

  • Inclusão – o projecto tem potencial para incorporar os intervenientes e os interessados na sociedade/ economia da informação?

3. Utilizadores finais;

  • Funcionalidade, isto é, se o projecto: é de uso fácil para os utilizadores e se está adaptado para pessoas com necessidades especiais; além disso, se tem a capacidade de atrair o interesse dos utilizadores finais e se é realmente útil para os mesmos. Este indicador avalia ainda os progressos trazidos pelo projecto, ou seja, as melhorias quer na qualidade de vida dos utilizadores quer nos procedimentos e processos nas organizações.

Outro subindicador avaliado aqui será o facto de o projecto ser ou não uma solução para problemas de cidadãos ou organizações (no sentido de ser uma solução que os ajude a resolver rapidamente os problemas).

  • Inovação A – as novas tecnologias e o seu uso: implementação de infra estruturas (redes de dados, redes de telecomunicações, hardware, ...); fornecimento de ferramentas TIC (software, forums, blogs, email, etc); formação TIC: houve formação suficiente, completa e satisfatória?; facilidade de uso das ferramentas TIC.

  • Inovação B – "Comunidades de Práticas" – coordenação e comunicação, ouseja, o projecto em questão favorece as trocas de opinião, de informação e experiências? Houve criação de grupos de discussão, abertos a todas as pessoas/ organizações que estejam interessadas nos objectivos do projecto? Possuí equipas formadas por elementos de várias áreas de conhecimento (engenheiros, físicos, matemáticos, sociólogos, economistas, etc.)?

  • Confiança, avaliada em relação: quer ao equipamento quer às ferramentas de actividade (email, web, software, etc); à segurança de dados; aos Técnicos de Formação; ao respeito da confidencialidade pessoal e privacidade de dados; ao facto de defender os interesses gerais e direitos das pessoas e organizações e promover a Democracia e os Direitos Humanos.

4. Resultados Materiais

  • Eficiência, avaliada após o término do projecto e através de: percentagem de utilizadores finais em relação ao previsto, percentagem de objectivos atingidos em relação ao previsto, percentagem de desenvolvimento do projecto depois da data prevista de término do mesmo e, finalmente, percentagem dos factores de sucesso conseguidos.

  • Eficiência Económica, após o finalizar do projecto, através da avaliação da forma como foram geridos os diferentes fundos e que tipo de fundos foram esses e através dos rácios custos finais/ custos iniciais e custo/ beneficio.

5. Resultados de Inovação

  • Inovação – conhecendo as características gerais da região, o desenvolvimento e avaliação do projecto, pode o mesmo ser classificado como "inovador"?

Conclusão

A dificuldade em definir um conjunto de indicadores que servissem para avaliar diferentes tipos de projectos foi considerável já que, ao pretender que esses indicadores sirvam como ferramenta de avaliação de projectos de diversas áreas de actividade, é necessário estarse consciente que tal não será possível de forma pormenorizada.

Contudo, através desses mesmos indicadores será possível "tirar a fotografia" dos traços gerais do projecto em questão e, a partir daí, avaliar até que ponto o mesmo poderá ou não ser considerado uma boa prática na Sociedade da Informação.

Pela abrangência que se pretende que tenha esta ferramenta de avaliação, projectos existirão em que nem todos os itens dos indicadores poderão ser considerados para a avaliação, alguns exemplos desses itens são a "Democracia" e "Direitos Humanos" (indicador "Confiança") ou as "Comunidades de Práticas" (indicador "Inovação B").

Apesar das dificuldades anteriormente referidas, apenas com uma tipologia do género da apresentada se poderá ter um quadro conceptual partilhado susceptível de promover uma atitude analítica e de avaliação dos Projectos que se desenvolvem no contexto da Sociedade da Informação e da Comunicação.

E, deste modo, concluir sobre o potencial estratégico e de efeito semente dos projectos, promotor de uma dinâmica em espiral que se autoincremente e gere a inteligência colectiva proposta por P. Lévy ou a Sociedade do Conhecimento que é uma utopia que se vai materializando com o contributo das várias peças de um mega puzzle global.

Bibliografia

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Lévy, Pierre (1997), A Inteligência Colectiva – para uma antropologia do ciberespaço, Lisboa: Instituto Piaget.

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Webliografia:

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http://www.prismaeu.net/

 

 

Autores:

Sónia Campos

Lídia Oliveira Silva 

lidia[arroba]ua.pt

A. Manuelde Oliveira Duarte

Universidade de Aveiro



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