Comunidade Científica nas Malhas da Rede: que rotinas cognitivas e sociais estão sendo alteradas pelos uso da Internet no quotidiano da pesquisa



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. O Sistema Cientifico e as Novas Tecnologias de Comunicação e Informação
  4. Possibilidades reais no mundo virtual
  5. Algumas pistas para a compreensão da realidade - Portugal e Brasil
  6. A Internet e as rotinas de investigação num contexto semi-periférico no sistema científico mundial: as Comunidades Científicas de Portugal e do Nordeste Brasileiro – usos e representações
  7. Observações Finais
  8. Referências

Resumo:

O presente texto tem por objectivo reflectir sobre os impactos do uso da Internet nas rotinas cognitivas e sociais dos investigadores. Essa reflexão é baseada no trabalho empírico que se vem desenvolvendo desde 1998 junto da Comunidade Científica Portuguesa e desde início de 2004 junto da comunidade científica do Nordeste Brasileiro. O estudo das implicações dos usos das tecnologias infocomunicacionais em rede é especialmente importante quando se trata de comunidades científicas semi-periféricas no sistema mundial científico. Será a Internet uma janela de oportunidade para estas comunidades, no que respeita ao acesso à informação, divulgação do trabalho que realizam, geração de equipas de pesquisa globalmente distribuídas, reconhecimento internacional? O século XXI será inquestionavelmente o século das Redes de Comunicação cada vez mais invisíveis, sem fios, mas cada vez com maior impacto nas rotinas dos indivíduos. Nesta Sociedade da Informação é fundamental analisar o impacto da Internet na comunidade que vive da informação para gerar conhecimento, ou seja, a Comunidade Científica.

Palavras-chave: Comunidades Científicas Periféricas, Comunidades Científicas Semi-Periféricas, Sistema Científico, Novas Tecnologias de Comunicação e Informação, Brasil, Portugal, Internet.

Introdução

A Comunidade Científica é uma comunidade bastante peculiar no que se refere ao desenvolvimento de suas práticas laborais, principalmente nos aspectos cognitivos e sociais aí envolvidos. Tanto a informação como a comunicação são produtos brutos que fazem com que a produção da ciência se realize; a informação como insumo principal no apoio à geração de novas ideias e todo o processo de comunicação, desde a revisão pelos pares até a edição formal dos trabalhos, para a contínua avaliação e validação das descobertas científicas.

Desde o século XVII que os periódicos científicos (como conhecidos actualmente) fazem parte das rotinas científicas, muito antes disso porém, aparece a comunicação oral e escrita na ciência, se confundindo com o início das próprias pesquisas científicas. As actividades mais remotas de que se tem conhecimento neste sentido são as desenvolvidas pelos gregos antigos, na Academia, em Atenas, onde nos séculos V e IV a.C. ocorriam reuniões para debates filosóficos.

Verifica-se desta forma como o trabalho científico está intimamente ligado aos processos de comunicação e transferências de informação, sendo estes portanto, vectores fundamentais para o desenvolvimento da ciência em seus diversos aspectos.

Ao olhar atentamente para os processos comunicacionais da Comunidade Científica encontramos autores clássicos, tais como Garvey (1979), com sua proposta de mapeamento da comunicação científica. Além deste podemos citar outro autor, Lievrouw (1992), citado por Mueller (2002), que mapeou a atividade de pesquisa dividindo-a em três etapas: a etapa da criação do conhecimento científico, da documentação e da popularização desse conhecimento.

Com o surgimento de novas técnicas as rotinas cognitivas e sociais da Comunidade Científica terminam por se alterar. Meadows registra que:

" (com) .a introdução da imprensa na Europa, no sec.XVI .a disponibilidade de textos aumentou rapidamente.tal mudança, num prazo relativamente curto, causou grande impacto na difusão das informações.A maior parte destes livros, naturalmente, nada tinha a ver com ciência, mas a importância do livro impresso, a partir do momento do seu aparecimento, na transmissão dos resultados das pesquisas científicas não pode ser posta em questão" (1999:3).

Além do surgimento da imprensa, outra melhoria citada por Meadows e que terminou por impactar os processos científicos, foram as alterações ocorridas no correio oficial no século XVI, que passou a partir daí a ser muito mais parecido com os atuais sistemas postais. Segundo o autor :

"o que esses serviços estimularam, em especial, foi a difusão da notícia. Na verdade pode-se afirmar que os sistemas postais e os jornais surgiram juntos. a publicação resultante dessas iniciativas foi evidentemente o ancestral do jornal moderno, que também serviu de modelo para o surgimento da revista científica." (1999:4).


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