Da física antiga à física moderna



  1. Introdução
  2. A estrutura da matéria no contexto histórico
  3. O movimento da matéria no contexto histórico
  4. Referências bibliográficas

I - INTRODUÇÃO

A física existe desde que o homem existe; mas os testemunhos de que ele tenha notado sua existência coincidem com a fixação da localização da capital da sabedoria humana, pelos historiadores ocidentais, na região mediterrânea. Corresponde este período ao apogeu da física antiga atingido graças principalmente a Tales, Demócrito, Pitágoras, Arquimedes, Platão e ao maior pensador de todos os tempos: Aristóteles. A pobreza de recursos experimentais, longe de limitar o desenvolvimento da ciência grega, foi o fator gerador de uma série infindável de teorias, justificando a idéia de que quase todos os grandes descobrimentos científicos do segundo milênio da era cristã tivessem sido previstos pelos gregos.

A ciência grega caracterizou-se pela procura de princípios unificadores que regessem todos os fenômenos naturais: esta era a lógica suprema a utilizar-se das demais lógicas na procura incessante de sua auto-justificação. A formulação de leis (lógica indutivo-dedutiva) era, portanto, secundária, ainda que necessária; como também necessário era o estabelecimento de teorias baseadas em suposições (analogia e lógica transcendental).

As leis obtidas diretamente da observação era encaradas como partes de um todo mais geral. As suposições ou postulados, ao passarem pela peneira da verdade (corroboração observacional das previsões a que levavam), transformavam-se em leis, aumentavam o número de peças dos quebra-cabeças que, uma vez montados, traduzir-se-iam em princípios unificantes (1). E estes princípios deveriam ser tão rígidos a ponto de não permitirem jamais sua negação, até mesmo por experiências ainda não executadas. A crença nesta lógica suprema caracterizou não apenas a física aristotélica mas representa a essência de toda a ciência e filosofia da Antigüidade. E revive, de tempos em tempos, na mente daqueles que, por vias diversas, têm chegado próximos do que consideramos como verdade científica.

Infelizmente os aristocratas gregos, detentores da ciência e sabedoria de seu tempo, não deixaram descendentes em condições de evoluir seus pensamentos. A queda do império grego, seguida pela queda do império romano, deixou a ciência acéfala. Talvez jamais se saiba a causa verdadeira do fim destes impérios mas há indícios sugestivos de que a aristocracia greco-romana tenha sido envenenada, sem perceber, pelo chumbo contido em panelas, "lataria", cosméticos e tintas (2).

Foram necessários mais de mil anos para que o homem se sentisse à altura de contestar as afirmações de Aristóteles. E a ressurreição da física, iniciada por Copérnico e Galileu, culminou com o que chamamos de física clássica ou newtoniana ou, ainda, a segunda fase áurea da física. Mas a solução de continuidade impediu o confronto entre os pregadores de uma nova física e os então inexistentes defensores da física antiga. E por ser mais fácil descobrir falhas do que virtudes, muitos erros foram apontados e muita coisa foi redescoberta. E como também muitos conceitos foram redefinidos, sem a preocupação da observância às normas antigas, houve uma confusão babélica responsável pela negação de preceitos que talvez jamais tenham sido estabelecidos como tais por seus pretensos autores; e, conseqüentemente, muitos conceitos importantes foram deixados de lado. E a física que surgiu, embora tenha muito da física aristotélica, não tem o principal: a sua essência.

Newton chegou a "colocar a casa em ordem" e em física pelo menos ultrapassou em muito a Aristóteles; mas foi uma pena que não tivesse sido seu discípulo. Não importa quanto o tivesse negado; bastaria que captasse a linha de pensamento dos filósofos gregos e talvez as leis da inércia, da gravitação e da ação e reação surgissem como conseqüência lógica da evolução da física antiga: uma física baseada em princípios que, ao serem testados experimentalmente, nos levassem à quantificação, baseada em leis.

A física newtoniana admite ainda a formulação de leis de campo de aplicação restrito, o que evidencia a utilização da lógica transcendental. Um exemplo clássico é o estudo dos gases reais que em condições hipotéticas "comportam-se" como gases ideais; a própria lei da inércia é outro exemplo. São leis limites, mas observáveis: obtém-se experimentalmente estes limites.

Embora a física de Newton apóie-se em leis e não em princípios, nota-se que a lógica dos filósofos gregos o perseguiu por toda a sua vida. E não foi outro o motivo pelo qual morreu convicto de que a luz tinha uma natureza corpuscular: as leis verificadas para a luz não poderiam em hipótese alguma estar dissociadas das leis que regiam o comportamento cinético dos corpos materiais.


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