O ícone e a possibilidade de informação



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Informação e as três categorias
  4. O signo e a informação
  5. O ícone e a informação
  6. Referências

The icon and the possibility of information

Resumo

Este artigo aborda a potencialidade informacional do signo icônico a partir da Semiótica de Charles Sanders Peirce, instrumento utilizado para tratar tanto do estatuto ontológico da informação – a sua inscrição na secundidade – como da sua presença no interior da tríade semiótica – na forma de objeto imediato do signo. A partir dessa abordagem verifica-se que a mera possibilidade, modo como a informação se apresenta em estado de primeiridade, é o elemento que vai caracterizar o ícone, o signo que se inscreve na primeira categoria.

Palavras chave: Semiótica. Informação. Categorias Peirceanas.

Abstract

This article is about the information potentiality of the iconic sign from the perspective of Charles Sanders Peirce" Semiotics, an instrument used to deal with the information ontological statute - its inscription in the secundity – as well as its presence inside the semiotics triad - in the form of immediate object of the sign. From this approach it is verified that the possibility the way information is presented in primity state, it is the element that will characterize the icon, the sign inscribed in the first category.

Keywords: Semiotics. Information. Peirce"s Categories.

1. INTRODUÇÃO

Associar a informação ao signo não é um procedimento comum nas diferentes disciplinas científicas que investigam a informação. Isso ocorre porque a Teoria Matemática da Comunicação de Claude Shannon e Warren Weaver, que estabeleceu as bases para a investigação da informação, advoga, por princípio, que o signo não armazena informação. Sob esse ponto de vista, o signo não seria, portanto, responsável pela transmissão da informação.

Este pressuposto tem sido adotado, cegamente, pela maioria daqueles que se dedicam a refletir sobre este tema. No entanto, a proposta de discutir a relação entre informação e iconicidade requer, antes de tudo, a adoção de uma visão sígnica da informação. Aqui será necessário que adotemos, portanto, uma abordagem muito diferenciada da visão canônica de informação, postulada por Shannon e Weaver.

Para tanto, precisaremos primeiramente colocar em perspectiva dois aspectos fundamentais da visão sígnica da informação: a) a relação entre informação e a primeira categoria de Charles S. Peirce, e b) os mecanismos que permitem associar a informação à noção peirceana de signo. Estes aspectos são pressupostos a partir dos quais poderemos, então, indagar se o signo icônico pode transmitir informação, ou ainda, que tipo de informação um ícone é capaz de armazenar e transmitir.

2 INFORMAÇÃO E AS TRÊS CATEGORIAS

Em seu livro A teoria geral dos signos – semiose e autogeração, Lúcia Santaella (2000) conta que Charles Sanders Peirce propôs pela primeira vez as três categorias universais, capazes de dar conta de toda experiência possível, no artigo Sobre uma nova lista das categorias. Em 1885 Peirce publicou o estudo Um, dois, três: categorias fundamentais do pensamento e da natureza, onde as três categorias são estendidas por toda a natureza, abarcando os domínios da lógica e do real.

A doutrina das categorias pertence à Fenomenologia. Nomeadas simplesmente como primeiridade, secundidade e terceiridade – ou, respectivamente, Qualidade, Relação e Representação –, elas constituem os elementos mais fundamentais, universais e indecomponíveis, presentes em tudo o que aparece na mente. Entendida como ciência, a Fenomenologia oferece o fundamento observacional para a Lógica e para a Métafísica. Isso ocorre porque, por seu caráter lógico-formal, as categorias fenomenológicas são também categorias lógicas. Por outro lado, por estarem fundamentadas em uma intensa observação do real, elas são, ainda, categorias ontológicas. Foi com base nesse fundamento que Ivo Ibri (1992) identificou, no seio da filosofia peirceana, as três categorias da Metafísica[1]Acaso (primeiridade), Existência (secundidade) e Lei (terceiridade).

A doutrina das categorias fornece a estrutura lógica para todo o pensamento peirceano. Em vista disso, para que possamos entender a relação entre informação e signo é necessário, primeiramente, indagar sobre a manifestação da informação nas categorias.

Em uma nota à CP 2.418, na qual discute aspectos informacionais relacionados ao símbolo, Charles S. Peirce escreve:

Vê-se que me afasto largamente do uso ordinário desta palavra [informação] para significar com ela um testemunho dado em particular. Como na Metafísica, informação é a conexão entre a forma e a matéria, de modo que, em lógica, ela pode significar, apropriadamente, a medida da predicação. (CP 2.418n).


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