Nelson Rodrigues e o ano de 1968. De que maneira o cronista retratou a sociedade brasileira nesse período

Enviado por Edson Junior


Partes: 1, 2, 3

  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Jornalismo
  4. Nelson Rodrigues
  5. 1968
  6. Metodologia
  7. Conclusão
  8. Bibliografia

RESUMO

O objetivo do presente trabalho monográfico é analisar crônicas selecionadas de Nelson Rodrigues, publicadas em 1968, a fim de explicitar de que forma o jornalista e intelectual traduziu, de forma peculiar e particular, utilizando-se do espaço da crônica diária, um ano que mudou os rumos da história.

Palavras-chave: Nelson Rodrigues. Crônica. 1968. Política.

ABSTRACT

The objective of this study is to examine selected Nelson Rodrigues"s chronicles, published in 1968, in order to explain how the journalist and intellectual translated, so peculiar and particular, using the area of chronic daily, a year that changed the course of history.

Key words: Nelson Rodrigues, chronic, 1968, politic

INTRODUÇAO

Como jornalista e observador crítico da sociedade na qual estava inserido, Nelson Rodrigues não podia ter vivido em mais propícia época. O ano de 1968, ao qual se dá o epíteto de "esquina do mundo", pode ser considerado um dos grandes palcos da obra rodrigueana, pelo menos no que se refere à crônica. Esse ano foi o ponto de convergência de movimentos que marcaram época: o ideal hippie, a revolução sexual, o comunismo, o feminismo, guerras, revoluções e manifestações estudantis, greves, a ditadura de direita no Brasil, a MPB, entre outros. O cronista não deixava escapar à sua crônica tais eventos, nem que a menção fosse de mero desprezo.

Ruy Castro (1995), biógrafo do autor, ao organizar a edição de A Cabra Vadia da editora Cia. das Letras, escreveu que "Poucos anos neste século foram tão extraordinários quanto 1968 — e, no Brasil, nenhum escritor foi mais atento a ele do que Nelson Rodrigues."

Esta pesquisa propõe comprovar tal observação, ao se verificar que 1968 ressurge, por meio dos textos do autor – críticos, sarcásticos, apaixonados e subjetivos, mas nem por isso destituídos de verdade (FACINA, 2004) –, como um período principalmente contraditório da história do Brasil.

Em tempos de discursos inflamados pelo espírito socialista, Nelson era o anticomunista. Primeiro entrevistado das páginas amarelas da revista Veja, disse em 1969: "o comunismo inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos dignidade é um preconceito burguês."[1] A esquerda, como se verá, era sempre alvo da prosa rodrigueana: "Claro que a esquerda tem o direito de ser esquerda. O que lhe negamos é o direito de ser tão inepta, tão incompetente, tão irrealista, tão alienada do Brasil e, repito, tão antibrasileira" (RODRIGUES, 1993, p. 121).

Poder-se-á avaliar que Nelson Rodrigues, enquanto praticamente do jornalismo opinativo, cumpria o papel de promover críticas sociais, observar atentamente a realidade ao seu redor, registrar fatos e disseminar opiniões. Para isso, utilizava o recurso da crônica: gênero intermediário entre literatura e jornalismo que tem nos fatos do cotidiano a principal fonte para a sua construção.

Enquanto intelectual, o autor não se furtava em defender ideologias e reflexões, tampouco deixava de se envolver e situar a sua posição nos debates públicos, fossem de ordem política, comportamental, artística ou mesmo intelectual.

Configuram o corpus de análise desta pesquisa dez crônicas extraídas do livro A Cabra Vadia, que reúne textos do período de janeiro a outubro de 1968.

O capítulo I trata brevemente da história do jornalismo, das suas categorias e gêneros opinativos – entre os quais a crônica é destacada, pela sua importância no âmbito desta monografia, e a sua história contada, desde a origem do termo até o seu lugar entre o jornalismo e a literatura.

O capítulo II conta a história de Nelson Rodrigues e de como se deu o seu ingresso na profissão de jornalista. Trata-se ainda da função do intelectual na sociedade, de como Nelson cumpria essa função e das circunstâncias nas quais ganhou fama de reacionário.

No capítulo III, são abordados os comportamentos e ideologias tão presentes no ano de 1968, das transformações culturais à Igreja progressista, passando pelos movimentos estudantis e pela chamada revolução sexual.

Finalmente, no IV e último capítulo deste trabalho, são analisadas dez crônicas de Nelson Rodrigues com objetivo de mostrar de que forma o jornalista utilizava a crônica para emitir opiniões, gerar discussões e se posicionar naquele contexto – bem como traduzi-lo sob a sua ótica.

Partes: 1, 2, 3

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