Teoria sobre o método científico. Em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa



  1. Introdução
  2. Resumo
  3. Colocação do problema
  4. O que é ciência?
  5. O "ser" cientista
  6. O argumento indutivista
  7. O argumento dedutivista
  8. O que é teoria?
  9. O falsificacionismo
  10. Entendendo o falsificacionismo
  11. O falsificacionismo como delimitador da ciência
  12. Enfim, a teoria do método
  13. Referências

INTRODUÇAO

Começo, regra geral, as minhas lições sobre Método Científico dizendo aos meus alunos que o método científico não existe. Acrescento que tenho obrigação de saber isso, tendo eu sido, durante algum tempo, pelo menos, o único professor desse inexistente assunto em toda a Comunidade Britânica.

Tendo, então, explicado aos meus alunos que não há essa coisa que seria o método científico, apresso-me a começar o meu discurso, e ficamos ocupadíssimos. Pois um ano mal chega para roçar a superfície mesmo de um assunto inexistente.

Karl R. Popper [1]

Resumo:

Este artigo é o primeiro de uma série de artigos relacionados à metodologia científica e cuja temática foi dividida em cinco tópicos principais. Corresponde a uma versão atualizada de considerações expressas pelo autor a partir de 1983, em livros, artigos e conferências citados no texto; colaborou, para esta atualização, a experiência adquirida pelo autor no processo de remodelação da Pró-Reitoria Comunitária da USJT (1992-1993), bem como aquela adquirida junto aos demais membros da equipe criada pelos Conselhos Superiores da USJT (1994) --expandida em 1995-- com a finalidade de implantar o Centro de Pesquisa da USJT. Os conceitos foram axiomatizados, de forma a darem corpo a uma nova teoria sobre o método científico, permitindo mesmo a constatação de possíveis aplicações dentro de um contexto abrangente, tais como: 1) a teoria fornece os meios necessários para que se promova a integração das ciências; e, 2) propicia a sustentação de um projeto visando a caracterizar a universidade como o local apropriado para a formação de cientistas. Os cinco tópicos a serem abordados são, pela ordem: I - Introdução, na qual é proposta a regra delimitante da ciência; II - O macrométodo científico e a História da Ciência; III - O papel da universidade na produção de conhecimentos; IV - O método científico propriamente dito: a) A teoria da prática em ciência; b) A prática da teorização científica; V - O micrométodo científico e a Filosofia da Ciência.

Os demais tópicos estão em fase de projeto, não havendo portanto previsão quanto à época de publicação. [*]

1. Colocação do problema.

Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Que dizer então do método científico? [2] Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de "verdades" científicas. Percebam que estou meramente jogando com as palavras e associando-as ao conceito de método acima postulado. Quais são as "verdades" científicas? O que é ser cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis verdades, a que nos estamos referindo?

Afirma-se, com grande freqüência, que o cientista é aquele que se utiliza do método científico. Os que aceitam esta verdade, --e há muitos que o fazem-- devem procurar uma conceituação para método científico diferente da exposta no parágrafo anterior, sob pena de andarem em círculo. Ou definimos cientista a partir da definição de método ¾algo tentado por Popper ao propor o falsificacionismo [3]¾ ou definimos método a partir da definição de cientista; do contrário não chegamos a nada. Conservarei a idéia de método científico como caminho trilhado pelo cientista, com o que estou assumindo o risco de ter que definir ciência e/ou cientista. É o que tentarei fazer nesta introdução.

2. O que é ciência?

Não é fácil definir ciência, e são inúmeros os tratados sobre o assunto a abordarem esta dificuldade. Ao leitor principiante em ciência e que queira penetrar na complexidade do tema, ou então perceber a quantas anda nossa ignorância a respeito, sugiro, se tiver pendores filosóficos, que comece pelo livro de Chalmers (1976) [4]; ou então, se preferir algo mais ameno e mais voltado à prática científica, pelo livro de Beveridge (1980) [5]. Ao leitor acomodado, e que não tenha amplo conhecimento do assunto, ou mesmo para aquele que pretenda prosseguir com esta leitura ciente de que é possível, pelo menos em nível conjetural, enfrentar o desafio apontado, relatarei aqui a conclusão de um ensaio, que sintetiza uma idéia que me ocorreu há cerca de dez anos [6], e que apresentei, na sessão de debates da mesa redonda A Pesquisa na Universidade Particular, ocorrida por ocasião da IV Semana de Psicologia da USJT (1994), com as seguintes palavras:


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.