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"Adeus aos lixões": Uma história ambiental da cidade do Rio Grande (página 3)


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Assim, em concordância com Grippi, ratifico a necessidade emergente de programas de Educação ambiental, pois é necessária uma mudança de comportamento, em relação ao meio ambiente, da sociedade como um todo. É preciso que se comece a respeitar e aprender com o atual contexto, para que as futuras gerações sejam muito mais conscientizadas que a nossa.

Entre os impactos socioambientais decorrentes da disposição inadequada dos resíduos sólidos podemos mencionar a degradação do solo; o comprometimento dos corpos d"água e mananciais; a contribuição para poluição do ar; a proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos; e muitas vezes a catação insalubre nos logradouros públicos e nas áreas de disposição final.[50]

Dessa forma, o homem atomizado pela civilização industrial perde cada vez mais sua autonomia, sua polivalência, sua capacidade de resolver seus problemas comunitáriamente, e passa a ter de pagar, com o dinheiro ganho pela venda do seu trabalho, quem cuide de sua saúde, de seu lazer, da sua comida, da sua psique. Atividades humanas, as mais simples, passam a ter o seu substituto industrial (como a famosa "maquina de escovar os dentes") e até o contato com a natureza quando existe, passa a ser em grande parte privatizado por hotéis, clubes de campo e etc. Por fim, temos um artifício bastante antigo, e que de certa forma está ligado aos anteriores, que é o da "produção opulenta". Essa consiste na produção de artigos cada vez mais caros e sofisticados para atender o consumo privilegiado das elites. A produção opulenta assegura o crescimento da produção capitalista e de sua lucratividade sem representar um aumento real nas satisfações sociais e no bem-estar coletivo. (PÁDUA, 2004, pág.56)

Para muitos pode parecer irrisório, mas a realidade é que a discussão aqui empreendida era importante a vinte anos atrás e hoje é urgente. Como menciona Pádua, estamos cada vez mais buscando soluções para os mais diversos problemas cotidianos na tecnologia e no capitalismo. Estamos construindo um novo mundo, onde a relação entre o ser humano e a natureza está quase extinta.

Nesse sentido, a ocupação humana de ambientes urbanos mais saudáveis requer do cidadão a condição de ser agente principal no processo de interação com o meio. O ser humano precisa estimular a percepção e se compreender como um constituinte da natureza e não como um ser a parte. Esta forma de compreensão pressupõe melhorar as condições ambientais, modificando formas de uso e manutenção do lugar onde habita, pela fixação de hábitos culturais mais saudáveis. (MUSELIN, 2007, pág.14)

No que tange, as ações, projetos empreendidos em nosso município com o intuito de fomentar essa consciência socioambiental na comunidade, podemos citar por parte da prefeitura municipal do rio grande alguns projetos como a "semana municipal do meio ambiente", que caracteriza-se por caminhadas pelo meio ambiente local, palestras sobre coleta seletiva, além de eventos onde são distribuídos materiais informativos sobre a coleta seletiva, roteiro da coleta, atividades lúdicas com as crianças para trabalhar questões relacionadas aos resíduos sólidos e exposição de arte com sucata.

No entanto, entre seus projetos a prefeitura destaca o "Quero-Quero", que é desenvolvido pela secretaria municipal de educação e cultura, onde a secretaria de meio ambiente atua como parceira. Sendo o objetivo principal do projeto estimular a ampliação da percepção ambiental de professores, alunos e comunidades envolvidas, suscitando assim novas atitudes e mudanças comportamentais, com vistas ao respeito, preservação e melhoria do meio ambiente, em todos os seus aspectos; construindo com a comunidade escolar uma educação ambiental em prol da sustentabilidade do município.[51]

Em relação a Universidade Federal do Rio Grande, é importante salientar que por ser um espaço de formação acadêmica e efetivação da trilogia ensino-pesquisa-extensão, diversos projetos na área da educação e consciência socioambiental são colocados em prática todos os dias e seria pretensão minha almejar elencar todos aqui. Logo, para elucidar, o que vem sendo feito pela comunidade acadêmica me deterei aqui, devido a proximidade pessoal, ao projeto "Reciclar é Vida" do Núcleo de Desenvolvimento social e econômico da FURG, o qual realizo estágio.

O projeto Reciclar é Vida, é uma intervenção que possibilita a conscientização de acadêmicos, técnicos e professores da Universidade Federal do Rio Grande FURG.

Esta proposta busca como objetivos principais: a coleta seletiva de lixo na Instituição, bem como o destino destes resíduos a cooperativas de catadores. Prática esta, que viabiliza alternativas de geração de trabalho e renda, dentre as quais: o surgimento do empreendimento popular Reciclar é Vida e o fortalecimento da Associação Vitória, na Vila da Quinta, um distrito do município do Rio Grande.

A importância desta ação ratifica-se pelo aumento na renda familiar dos atores sociais envolvidos através da coleta seletiva da universidade, possibilitando assim, melhoria da qualidade de vida desses sujeitos. Outra evidência é o processo de emancipação humana que se percebe nas relações vivenciadas pelos integrantes dos grupos, práxis desencadeada pela educação popular e economia solidária, base do trabalho realizado pelo Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico NUDESE, unidade vinculada a Pró-reitoria de Extensão e Cultura da FURG.

Assim sendo, podemos afirmar que diversas ações continuam a ser realizadas em nossa cidade com o intuito de fomentar uma transformação cultural no que diz respeito aos resíduos sólidos, mas esse trabalho não é fácil e demanda tempo e envolvimento. Considero, que não podemos esperar que esses projetos tenham o mesmo impacto de "Adeus aos Lixões", até porque naquele período a problemática era uma grande novidade, diferentemente dos dias atuais. Dessa forma, concordo com a secretária do meio ambiente, Mara de Oliveira, quando essa afirma que esses processos de educação ambiental são contínuos, nunca terminam. É interessante observar que, visto o raciocínio que aqui estabelecemos, tornou-se possível concluir que a cultura errônea, desleixada com os recursos naturais é muito forte e está amplamente impregnada, restando agora somente o trabalho de estimular o re-pensar, o refletir, para quem sabe com isso gerar um futuro ambientalmente justo e equilibrado

5 Considerações finais

Dado o exposto, no decorrer deste trabalho foi abordado na perspectiva da história ambiental a origem e trajetória do projeto "Adeus aos Lixões", escrito no ano de 1989 e implantado no ano de 1990 na cidade do Rio Grande.

Dessa forma, começamos apresentando a base teórica desse trabalho, que é a história ambiental. Essa nova história, mais aberta, inclusiva, e critica que relaciona homem e natureza, que acabou encantando essa discente, e por isso, mereceu o devido destaque.

Nesse aspecto discorri primeiramente sobre a maneira com que foi se delineando a transformação teórica dentro do campo da história, mencionando desde a ciência extremante fechada, passando pela abertura, interesse pelo passado do povo, até os dias atuais. Momento esse, em que a história se considera, como ciência humana que é, capaz de traçar uma agregadora análise sobre o passado, entrelaçando, relacionando, os problemas socioambientais atuais em suas discussões.

Também ressaltado, foi o próprio conceito de história ambiental, enquanto uma vertente do campo da história que relaciona homem e natureza, interligando suas interfaces e expondo-os como mecanismos interdependentes. Fato, que conforme discutimos pode confrontar o senso comum que ainda tanto distingui como categorias diferenciadas o ambiente social e natural. Salientado também foi, que para construir o conhecimento necessário, o pesquisador da área da história ambiental precisa e utilizar da transdisciplinaridade, agregando informações obtidas através de outras ciências, como a ecologia, antropologia e economia a sua construção.

Assim, lembramos que os historiadores desse campo são relativamente recentes, mas que podemos encontrar reflexões que se encaixam muito bem nessa linha de discussão, em algumas obras de autores, como Sérgio Buarque de Holanda, Oliveira Vianna, Alberto Torres e Euclides da Cunha. Paralelamente, também expomos os declarados historiadores ambientais e suas obras como "Um sopro de destruição" de José Augusto Pádua, "História & Natureza" de Regina Horta, e "História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa" de José Augusto Drummond.

Encerrada a discussão sobre a base teórica, passamos a discorrer sobre o projeto expondo suas especificidades. Assim, apresentamos o contexto que propiciou o interesse por essa ideia. Nessa conjuntura destacamos o "Dia do Lixo" que pretendiam realizar nas escolas da cidade com o intuito de instigar a reflexão acerca dos resíduos sólidos e da importância da coleta seletiva. Ou seja, através do "Dia do Lixo" esperava-se resultar em uma forma de atuação especifica com a finalidade de levar a população uma maneira de se integrar no processo de mudança, na concepção de uma relação mais próxima entre a limpeza pública, o meio ambiente e a sociedade.

Paralelamente, apresentamos o intuito dos idealizadores de criar meios de geração de trabalho e renda para os catadores a partir de seu trabalho. Em outras palavras, mostramos que o projeto buscava uma nova forma de inter-relacionar as necessidades de geração de trabalho e renda dos catadores com a urgência de uma coleta seletiva diferenciada. Assim, acreditava-se que a forma mais adequada seria associar o esforço dos catadores com o serviço público, para transformar uma parte da população que se encontrava em situação de vulnerabilidade socioambiental, em trabalhadores formais, protegidos por amparo legal.

Em relação aos impactos na sociedade originados pela implementação do projeto, aqui foi citado que, inicialmente, a universidade não apoiou a proposta. Assim, estando Rio Grande num período de eleições municipais, o integrante do Partido dos Trabalhadores, Dirceu Lopes, por perceber a validade do projeto, propôs apoio e solicitou ao autor, Artur de Oliveira, a utilização de "Adeus aos Lixões" na plataforma de campanha. Tendo ganho a eleição o candidato do PT, Vidal, começou-se a transpor para a prática o que estava escrito nas linhas de "Adeus aos Lixões".

Nesse contexto, diversas conquistas foram realizadas, como o sucesso do "Dia do Lixo" a criação de associações de catadores e uma grande abertura dentro da universidade, que antes não se tinha. Contudo, após algumas transições políticas, esse cenário novamente modificou-se e passou a ficar extremamente dificultoso ter êxito na implementação das ações pretendidas.

É importante mencionar que no decorrer desse trabalho, apresentamos não só a visão dos idealizadores do projeto, mas também de integrantes do órgão municipal, que ratificaram o quanto era dificultoso colocar em prática ideias tão necessárias ao contexto da época.

Por último, falamos sobre o atual contexto, o qual estamos inseridos, onde o homem se encontra com suas diretrizes culturais, no que tange a questão ambiental, extremamente distorcidas. Assim refletimos sobre o constante costume que temos de produzir resíduos de forma vasta e desnecessária. Com efeito, analisamos também que esse costume de produzir resíduos desnecessariamente já é uma questão cultural, visto que, somos acometidos todos os dias por uma vasta gama de produtos, comerciais, e ofertas de todos os tipos que nos empurram para um consumo exarcebado e construção de um mundo onde tudo e descartável.

Nesse sentido, foram apresentados os atuais projetos realizados, tanto pela prefeitura, quanto pela universidade, que tem o intuito de fomentar a consciência socioambiental tão necessária.

Assim, discorremos sobre o projeto "Quero-Quero" da prefeitura que é um projeto realizado em escolas com a intenção de promover o interesse pela questão ambiental à comunidade escolar. Paralelamente, para elucidar um pouco do que se faz na universidade, citamos o projeto "Reciclar é Vida" que é uma intervenção que possibilita a coleta seletiva diferenciada na universidade e a posterior destinação dos resíduos gerados pela comunidade acadêmica a cooperativas de catadores, como o empreendimento "Reciclar é Vida" e a "Associação Recicladora Vitória da Vila Quinta" propiciando assim além da preservação dos recursos naturais, a geração de trabalho e renda. Tais ações expostas permitem perceber a importância de nunca se terminar o estimulo a responsabilidade individual frente aos recursos naturais até que se realize uma mudança cultural dentro da sociedade.

Com todas essa informações aqui discorridas, podemos perceber que certamente o projeto "Adeus aos Lixões" teve resultados permanentes, pois embora não se tenha conseguido adaptar efetivamente a sociedade rio-grandina a coleta seletiva diferenciada, o trabalho realizado estimulou a reflexão sobre a questão ambiental em uma época que ainda não se ouvia falar, como hoje acontece a todo momento, sobre resíduos sólidos, preservação dos recursos naturais, sustentabilidade e etc. Fato que torna possível perceber seus vestígios, pois mesmo em um contexto nada propicio esses atores sociais conseguiram fomentar a criação de uma secretária do meio ambiente[52]e colaboraram com essa percepção, esse ideal de mudanças tão urgentes, em diversos

discentes[53]que hoje já com suas carreiras estabelecidas traçam os passos desses atores, fomentando a reflexão e criando novos projetos.

Outro ponto que deve ser aqui mencionado é a importância da relação: ensino, pesquisa e extensão nas universidades, que claramente pudemos perceber nesse trabalho.

Na perspectiva do ensino, devemos ressaltar que a academia tem o dever de formar não apenas profissionais de áreas especificas, mas também cidadãos comprometidos, pessoas conscientes das problemáticas atuais e da sua responsabilidade individual dentro do contexto que estão inseridos. Como afirma Artur de Oliveira, é preciso pensar em formar cidadãos para a prática e não só para passar sua vida profissional inteira colocando no papel suas idéias e asserções.

A pesquisa é mais um aspecto do tripé, que deve ser articulado com ensino e extensão, onde suas ações se complementam e contempla a proposta de âmbito universitário. Nessa perspectiva, se percebe a importância do papel da universidade que busca com a pesquisa a fomentação de trabalhos voltados para a comunidade em geral que propicie políticas públicas através da formação de profissionais que não estejam despreparados, pois a visão de mundo é algo indissociável da teoria, pois tudo o que a comunidade faz não é nada a mais ou a menos do que a prática que precisamos prover na universidade. (OLIVEIRA, pág.79, 1995)

Com essa noção, partimos para a problemática da extensão, que é a parte prática do aprendizado realizado através da teoria. A extensão serve para aproximar a comunidade acadêmica da sociedade, serve para quebrar as barreiras dos antigos e fechados métodos e instaurar um processo educativo de transformação. Entre os argumentos daqueles que não aprovam sua inserção dentro da realidade educacional, está o fato de que a extensão tornaria o conhecimento do universitário mais local, dedicado a resolução de problemas banais e que aquele que se dedica exclusivamente a teoria, saberá agir diante de qualquer situação devido ao intenso estudo[54](MORAES, 1998), o que é absurdo afirmar.

Quando tentamos um adentramento no diálogo, como fenômeno humano, isso nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: a palavra. Mas, ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constitutivos. Esta busca nos leva a surpreender, nela, duas dimensões; ação e reflexão, de tal forma solidária em uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. A palavra

inautêntica, por outro lado, com que não se pode transformar a realidade, resulta da dicotomia que se estabelece entre seus elementos constituintes. Assim é que, esgotada a palavra de sua dimensão de ação, sacrificada, automaticamente, a reflexão também, se transforma em palavreria, verbalismo, blábláblá. Por tudo isto, alienada e alienante. É uma palavra oca, da qual não se pode esperar a denúncia do mundo, pois que não há denúncia verdadeira sem compromisso de transformação, nem este sem ação. (FREIRE, 1987, pág.44)

Assim sendo, em concordância com Paulo Freire, refuto a asserção de que a teoria, mesmo que intensificada, basta para saber lidar com o mundo fora dos muros da universidade, pois para lidar com o mundo, julgamos essencial conhecê-lo. E temos a plena certeza que com uma boa docência o saber, o conhecimento, pode ser esmiuçado a partir da mais ínfima atitude. Dessa forma, ratificamos que é necessária a aceitação dessas indiassociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão para o pleno aproveitamento do aprendizado pelo discente e para a evolução da universidade, enquanto realmente um espaço de ensino. Ou seja, devemos nos desprender dos preconceitos e ensinar para o trabalho, para o mundo e para a vida.

Entre todas as possibilidades de ação dentro das Instituições de Ensino Superior,destacamos aqui aquelas instigadas pela preservação da sociedade e do ambiente. Logo,também defendemos o papel das Universidades enquanto espaço de fomento da consciência socioambiental. Intensifica-se, com isto, a demanda por atividades que estimulem o desenvolvimento de uma consciência ambiental, não só ecológica, do ponto de vista da natureza, mas também visando às questões social, cultural e econômica relacionada à existência do homem (AMÃ,NCIO, 2005, pág.2)

Dessa forma, acredito, na idéia que a educação tem a função de fomentar nos sujeitos sociais uma prática social transformadora, e por isso, julgamos pertinente a sociedade avaliar se esse papel tão importante vem sendo cumprido, principalmente dentro das universidades, que tanto podem fazer em prol desse ideal. Devo lembrar que o "educar" aqui entendido, se define, em concordância com Loureiro, pela unicidade dos processos que problematizam os atributos ambientais, culturais e relativos à vida, quando repensa os valores e comportamentos dos grupos sociais; com os que agem nas esferas política e econômica, quando propicia caminhos sustentáveis e sinaliza para novos padrões societários.

Partindo da análise da trajetória do projeto "Adeus aos Lixões", lembramos que muito mais poderia ser feito se houvesse a almejada conscientização ambiental de toda comunidade acadêmica.

Porém, sabemos que essa transformação é um trabalho árduo, pois o desleixo com o amanhã já está impregnado culturalmente, porque as pessoas crescem em meio a hábitos totalmente distorcidos e asserções completamente errôneas sobre preservação e consciência. É importante frisar que temos o entendimento que a responsabilidade pelo meio que vivemos é de todos, mas acreditamos que para quem possui as oportunidades de conhecer e transformar em práticas coletivas esse conhecimento não se pode admitir que meçam esforços para a divulgação deste a toda sociedade. (NOBRE, 2006. Pág.9)

Concordo com Lúcia Nobre, quando essa afirma que nossa formação e instrução nos traz responsabilidades. Embora saiba que os resultados das ações de hoje talvez não apareçam efetivamente em um ou dois anos, enfatizo que está na hora de começar essa transformação. Motivos não faltam, pois é de conhecimento geral o caminho que o planeta está traçando, estamos vivendo em uma sociedade desequilibrada ambientalmente e desigual culturalmente, e isso tem que começar a ser modificado a partir de agora.

Dado o exposto, espero que esse trabalho propicie a reflexão do leitor no que tange a problemática dos resíduos sólidos e o necessário posicionamento frente o atual contexto. Por fim, em concordância com as ideias da epígrafe desse trabalho, espero que minha construção sobre a trajetória do projeto "Adeus aos Lixões" seja uma ferramenta para irrigar não apenas a esperança de mudança, mas também ações cotidianas diferenciadas.

6 Referências bibliográficas.

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DUARTE, Regina Horta. História & Natureza. Belo Horizonte; Editora Autentica, 2005.

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WORSTER, Donald. Para fazer História Ambiental. Revista Estudos Históricos, Vol.4, Nº8, 1991. (Uma publicação do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - CPDOC/FGV)

7 Fontes

Atas de reunião da Comissão de Reciclagem de resíduos da FURG nº 001, do dia 22 de Dezembro de 1989.

Ata de reunião da Comissão de Reciclagem de resíduos da FURG nº 002 , do dia 3 de Março de 1990.

Ata de reunião da Comissão de Reciclagem de resíduos da FURG nº 003 do dia 13 de Março de 1990.

Ata de reunião da Comissão de Reciclagem de resíduos da FURG nº004 do dia 20 de Março de 1990.

Cartaz do Projeto, 1990.

Controle da Comissão Executiva do Serviço de Destinação de Resíduos de entrega de resíduos por grupo de estudos de discentes da universidade, 1990.

Documento de controle interno da Comissão Executiva do Serviço de Destinação de Resíduos do dia 22 de Fevereiro de1990.

Documento de controle interno da Comissão Executiva do Serviço de Destinação de Resíduos do dia 7 de Março de 1990.

Entrevista com Eliane Bacchiere. (18/11/2010)

Entrevista com Mara Núbia Cezar de Oliveira. (02/12/2010)

Jornal Agora, 20 de Junho de 1995.

Jornal Diário da manhã, 15 de Junho de 1995.

Ofício nº 791 do ano de 1989 da Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG.

Panfleto do projeto "Adeus aos Lixões", 1989.

Panfleto sobre Coleta seletiva, 1990.

Projeto original "Adeus aos Lixões", entregue em Maio de 1989.

Projeto original "Florestar", entregue em Julho de 1990.

Projeto original "Lixo: Educação Comunitária para a coleta diferenciada.", entregue em 1990.

Relatório sobre "Educação ambiental comunitária", 1990 da comissão executiva do serviço de destinação de resíduos.

Relatório sobre exposições do lixo reciclado na FURG da comissão executiva do serviço de destinação de resíduos.

Relatório: Gestão Ambiental no município do Rio Grande, Prefeitura Municipal do Rio Grande, Setembro, 2010.

Agradecimentos:

Esse trabalho é oriundo de um sonho disseminado, por isso, agradeço a coordenadora do NUDESE (Núcleo de desenvolvimento social e econômico da FURG), Lúcia Nobre, pelo conhecimento adquirido e pleno acesso as fontes de seu acervo particular. De extrema importância também nessa construção, foram a colaboração e gentileza das entrevistadas Eliane Bacchieri Duarte e Mara Núbia Cezar de Oliveira, que possibilitaram a compreensão, através de suas declarações, do projeto aqui estudado.

Em relação ao meu orientador Prof.Dr.Daniel Porciuncula Prado, afirmo que não poderia ter feito melhor escolha, pois seu auxílio, paciência e dedicação incansáveis foram mais do que ações de um orientador, mas sim ações de um amigo, de um profissional e uma pessoa exemplar. Muito, muito, muito obrigada por tudo professor! A profissional que conclui essa graduação é em grande parte fruto do seu trabalho e saiba que levarei seus ensinamentos por toda minha carreira.

Na esfera pessoal, ressalto a participação do meu namorado João Paulo Pacheco Garima, anterior até mesmo minha vida acadêmica, pois ele me apoiou na escolha do curso, comemorou comigo meu ingresso na universidade, viveu todos os momentos bons e ruins que passei nesses quatro anos de graduação, sempre ao meu lado, me apoiando, incentivando, dando amor e segurança.. Por isso tudo, a ele só poderia dizer que sua presença foi essencial, e só ele sabe o quanto..

Especialmente, agradeço por último e de todo meu coração, minha mãe Marina do Valle, meu avô João Adão Miranda (in memorian) e avó Vera Lopes Miranda pelos ensinamentos de vida, amor, paciência, dedicação, por me fazerem desde pequena compreender o valor da educação, a importância de sonhar e ter a certeza que, através do meu estudo e esforço, tudo é possível. Por vocês três, prometo continuar sempre sonhando e correndo atrás dos meus ideais.

Em suma, tenho certeza que só consegui concluir uma graduação porque vocês, onde quer que estejam, sempre estiveram do meu lado, cultivando valores e sonhos. Obrigada por tudo, eu amo muito vocês! Assim sendo, encerrarei por aqui, pois verdadeiramente, palavras seriam pouco para definir todos meus sentimentos nesse momento.

Hardalla Santos do Valle

Dezembro, de 2010

Movimento

A areia restará vidro,

do petróleo, plástico, fumaça;

de minério, metal acabado,

que intocado nada se passa.

Eu, transformado,

cada gesto em resto,

vou sem que importe

que a vida roa

na direção da morte.

Ah! Modesto calvário:

às vezes lixo no estuário

outras esgoto no mangue.

Vivo como a dança:

adubo vire meu sangue,

meu suor irrigue a esperança.

(Artur de Oliveira)

 

Autor:

Hardalla Santos do Valle

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA INFORMÇAO - ICHI

CURSO DE HISTÓRIA BACHARELADO

Rio Grande, Dezembro de 2010.

Hardalla Santos do Valle

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande (FURG) como exigência parcial à obtenção do título de Bacharel em História.

Orientador: Prof.Dr.Daniel Porciuncula Prado.


[1] (NUDESE) Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico da FURG

[2] Ver FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. Editora Papirus Campinas, SP, 1994.

[3] Conforme Daniel Porciuncula Prado em "Operariado e meio ambiente: Um estudo sobre os trabalhadores da indústria de Rio Grande e sua percepção ambiental."Pág.19.

[4] Conforme as idéias de Daniel Porciuncula Prado em "Operariado e meio ambiente: Um estudo sobre os trabalhadores da indústria de Rio Grande e sua percepção ambiental."Pág.19.

[5] Informações obtidas através da leitura de "História & Natureza" de Regina Horta Duarte e "Para se Fazer História Ambiental" de Donald Worster.

[6] O desenvolvimento da consciência ambiental, em nível internacional, pode ser traçado ao longo das duas últimas décadas, com base em uma série de eventos. Entre eles, podemos citar as Conferências de Estocolmo (1972) e a de Tibilisi (1977), que originaram as primeiras manifestações dentro da área da Educação Ambiental. Gayford & Dorion (1994) destacaram também Limites para o crescimento (1972), o "Relatório de Brandt (1980) e, mais recentemente, a agenda 21, originada na Rio-92. (SATO, Michéle, 2002)

[7] Conforme as idéias de José Augusto Pádua em O que é Ecologia, São Paulo, Brasiliense, 2004.

[8] Conforme as idéias de Regina Horta Duarte em "História & Natureza" e Donald Worster em "Para se Fazer História Ambiental" .

[9] Conforme José Augusto Drummond em: A História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa, 1991, pág.14, 1991.

[10] Conforme José Augusto Drummond em: A História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa, 1991, pág.14, 1991.

[11] Conforme José Augusto Drummond em: A História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa, pág.16, 1991.

[12] Conforme José Augusto Drummond em: A História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa, pág.16, 1991.

[13] Conforme José Augusto Drummond em: A História Ambiental: Temas, fontes e linhas de pesquisa, pág.17, 1991.

[14] Trabalho de análise de conteúdo.

[15] As siglas referem-se ao Departamento de meio ambiente e a Secretaria da Saúde e Meio Ambiente.

[16] -Chorume é uma substância líquida resultante do processo de putrefação (apodrecimento) de matérias orgânicas. Este líquido é muito encontrado em lixões e aterros sanitários. é viscoso e possui um cheiro muito forte e desagradável (odor de coisa podre) além de um alto potencial de contaminação.

[17] - O polietileno de alta densidade (PEAD) é um termoplástico derivado do Eteno, cuja maior aplicação encontra -se nas embalagens.

[18] - Biogás é um tipo de mistura gasosa de dióxido de carbono e metano produzida naturalmente em meio anaeróbico pela ação de bactérias em matérias orgânicas.

[19] - Esse Protocolo tem como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos impactante áqueles países em pleno desenvolvimento.

[20] São catadores que catam por si, que preferem trabalhar independentes, sem relações com cooperativas, grupos ou associações.

[21] Maneira como os catadores individuais são chamados no projeto original pelos autores.

[22] Equipamentos de proteção individual, que são quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada atividade.

[23] Informações retiradas do projeto original "Adeus aos Lixões".

[24] Realizada com Eliane Bacchieri, uma das idealizadoras do projeto, e Mara Núbia Oliveira, atual secretária de meio ambiente da cidade Rio Grande e na época do projeto "Adeus aos Lixões" funcionária da unidade de meio ambiente.

[25] é preciso lembrar que no ano de 1989 a problemática dos resíduos sólidos ainda não era um tema tão emergente no Brasil.

[26] Contexto extraído da entrevista com Eliane Bacchiere, realizada no dia 18 de Novembro de 2010.

[27] Entrevista concedida no dia 18 de Novembro de 2010.

[28] Característica atribuída através da análise da entrevista, realizada com Eliane Bacchiere Duarte. Na presente entrevista, Eliane ressalta a participação de membros da comunidade acadêmica pertencentes ao curso de Oceanologia, Geografia, História, medicina, e matemática. Ver anexo 1.

[29] Informação comprovada através de documentos de controle da equipe.

[30] Ofícios da Comissão Executiva do Serviço de Destinação de Resíduos.

[31] Em concordância com as idéias de Paulo Henrique Martinez, em "História Ambiental no Brasil: Pesquisa e ensino.

[32] Informação extraída de relatórios informais de diferentes dadas e pela entrevista com Eliane Duarte.

[33] Entrevista realizada no dia 2 de Dezembro de 2010.

[34] Sendo interessante mencionar que a Associação Recicladora Vitória da Vila da Quinta, é ainda hoje assessorada pelo Núcleo de desenvolvimento econômico e social da FURG-NUDESE.

[35] E.M.E.F Navegantes e E.M.E.F. Silva Paes

[36]  Informação retirada do Ofício nº 791 do ano de 89 da Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG, assinada pelo reitor do período, Orlando Macedo Fernandes.

[37] Informação retirada do Ofício nº791 do ano de 89 da Fundação Universidade Federal do Rio Grande-FURG, assinada pelo reitor do período, Orlando Macedo Fernandes.

[38] Julgo importante aqui destacar, que quando me refiro aos atores sociais do projeto nesse trecho, associo essa "denominação" também a Comissão Executiva do serviço de destinação de resíduos sólidos e todos os discentes e docentes que participaram ministrando as aulas no "Dia do Lixo" ou, simplesmente levando seus resíduos sólidos recicláveis até o galpão multi-uso.

[39] Informação extraída de documentos de controle interno da comissão executiva do serviço de destinação de resíduos.

[40] Informações extraídas do relatório sobre as exposições da comissão executiva do serviço de destinação de resíduos.

[41] Informação extraída do projeto original "Florestar", 1990

[42] Ratificação realizada pelos autores do projeto "Clube da árvore". Acho interessante mencionar que essa afirmação poderia ser uma adequação ao discurso da empresa financiadora do projeto, no caso a Souza Cruz.

[43] Informação extraída do projeto original "Clube da árvore", 1995.

[44] (SMAIC) Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria e Comércio.

[45] (SMEC) Secretária Municipal de Educação e Cultura

[46] Informações extraídas de ofícios enviados pela Comissão Executiva do Serviço de Destinação de Resíduos á reitoria.

[47] é importante lembrar que hoje a coleta seletiva é responsabilidade da Secretaria do Meio ambiente e que sua rota é disponibilizada no site da prefeitura municipal.

[48] Segundo o relatório de gestão ambiental do Rio grande, cedido pela Secretária do Meio Ambiente.

[49] Dados obtidos através do relatório de gestão ambiental da cidade do Rio Grande.

[50] Conforme as idéias de Helena Ribeiro em "Coleta seletiva com inclusão social", Editora Annablume, 2009.

[51] Informação extraída do relatório de gestão ambiental no município do Rio Grande.

[52] Afirmação realizada pela secretária do meio ambiente, Mara Oliveira.

[53] Como, por exemplo, para elucidar outros tantos, Lúcia Nobre (coordenadora do NUDESE-FURG), que foi aluna do prof.Artur de Oliveira, Mara Oliveira (Secretária do meio ambiente da prefeitura municipal do Rio Grande), que também foi aluna do prof.Artur de Oliveira e Daniel Prado (Professor do curso de História, e do PPGEA, da FURG) que participou como palestrante no "Dia do Lixo" quando cursava a graduação.

[54] Conforme MORAES, R. C. Educação e Sociedade. Universidade Hoje : Ensino, Pesquisa e Extensão. Campinas, 1998.

Partes: 1, 2, 3


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