Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 


Avaliação de doenças do melão (página 2)


Este trabalho além de avaliar os principais híbridos comerciais de melão cultivados no Nordeste brasileiro, também avaliou alguns híbridos experimentais, no que se refere à suscetibilidade aos agentes do míldio, oídio e cancro-da-haste, em campo.

Material e Métodos

O trabalho foi realizado no campus experimental da FACIAGRA/ARARIPINA-PE, As avaliações para doenças foram procedidas no experimento do projeto de melhoramento de competição de híbridos de melões com polpa salmão e de melões com polpa creme. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com cinco repetições. A parcela foi representada por uma fileira com 10 plantas de cada híbrido, espaçadas de 0,5X2,0 m entre si. Os tratos culturais, irrigação, capinas, aplicação de inseticidas (manipueira), foram os convencionais para a cultura.

As avaliações foram realizadas até a época de floração, mediante uma escala de notas, variando de zero a quatro, onde, para míldio (escala adaptada de Pan & More, 1996 ) e para oídio (Reuveni et al., 1998), zero = sem sintoma; 1 = 0,1% a 10% da área foliar afetada; 2 = 11% a 25% da área foliar afetada; 3 = 26% a 50% da área foliar afetada; 4 = acima de 50% da área foliar afetada. Para cancro-da-haste, zero = sem sintoma; 1 = lesão encharcada até 1 cm de diâmetro; 2 = lesão encharcada com mais de 1 cm de diâmetro; 3 = lesão parcialmente necrosada e 4 = lesão totalmente necrosada com murcha total e morte da planta (Dusi et al., 1994).

Resultados e Discussão

HÍBRIDO

OÍDIO

CANCRO-DAS-HASTES

MICOSFERELA

NOTA REAÇÃO

NOTA REAÇÃO

NOTA REAÇÃO

ELDORADO

3,0 S

3,0 AS

3,0 RI

SANCHO

3,5 AS

3,0 S

2,0 R

CARRASCO

4,0 AS

3,0 S

3,0 S

LAGARTO

3,5 AS

3,0 S

4,0 AS

CPATSA

3,0 S

3,2 AS

1,0 R

TROPICAL

3,3 AS

3,2 S

3,3 AS

O. FLESH

3,0 AS

3,2 S

3,0 S

M. JYNNY

3,0 S

3,0 S

1,0 R

Média do experimento realizado no campus da FACIAGRA para míldio, cancro-da-haste, e para oídio.

(2) R = Resistente; RI = Resistência intermediária; S = Suscetível; AS = Altamente suscetível.

(3) O híbrido da melancia JYNNY foi avaliado somente em caráter observativo, onde não ocorreu oídio.

Na Tabela 1, são mostrados os resultados das avaliações realizadas para as doenças oídio, cancro-da-haste e micosferela. Os híbridos Sancho e CPATSA, foi pouco afetado pelo vírus micosferela, comportando-se como resistente. Os demais híbridos desse grupo foram muito afetados em todos os locais avaliados, tanto para oídio como para cancro-da-haste. O híbrido ELDORADO também foi muito afetado por essas duas últimas doenças, caracterizando-se como suscetível e apresentou uma resistência intermediária para a micosferela.

Tabela 1. Reação de híbridos comerciais de melões de polpa salmão e de polpa creme a micosferela (Meloidogyne spp), ao cancro-da-haste (Didymella bryoniae) e ao oídio (Sphaerotheca fuliginea), avaliados no campus da FACIAGRA no período de março a junho de 2010.

Todos os híbridos de melão com polpa creme comportaram-se como suscetíveis e/ou altamente suscetíveis a micosferela e ao cancro-da-haste (Tabela 1). Quanto à reação ao oídio, os híbridos ELDORADO, SANCHO e CPATSA foram resistentes e medianamente resistentes, enquanto os híbridos CARRASCO, LAGARTO,TROPICAL e ORANGE FLESH oram suscetíveis (Tabela 1). A resistência dos híbridos, ELDORADO, SANCHO E CPATSA ao oídio necessita ser confirmada em laboratório, em virtude do fenômeno de escape, embora a possibilidade de que os mesmos sejam resistentes é grande, uma vez que os demais híbridos testados foram severamente infectados tanto no campus de BEBEDOURO/PETROLINA-PE quanto no campus da FACIAGRA, comprovando o elevado potencial de inóculo do patógeno no campo.

Segundo Petoseed (1998), os híbridos SANCHO e CPATSA são possuidores de resistência genética às raças 1 e 1-2 de S. fuliginea, respectivamente, e segundo a Asgrow (1999), o híbrido ELDORADO apresenta resistência às raças 1 e 2 desse patógeno. Neste trabalho os híbridos CARRASCO E LAGARTO apresentaram reação de suscetibilidade, a identificação do agente causal do oídio foi feita somente em nível de espécie (S. fuliginea), não se conhecendo, portanto, as raças existentes no Nordeste brasileiro. Sabe-se, todavia, que no Brasil foram identificadas somente as raças 1 e 2 (Reifschneider et al., 1985; Kobori et al., 2002), não sendo, ainda, detectada a raça 3, que ocorre em outros países, como Estados Unidos, Portugal, Espanha e Índia (Mcgrath & Thoms, 1998).

Conclusão

*Todos os híbridos avaliados são suscetíveis ao oídio e ao cancro-da-haste;

*Com exceção do CPATSA e ELDORADO que são pouco afetados pelo oídio, os demais híbridos são suscetíveis a esta doença;

* A melancia JYNNY apresentou suscetibilidade ao oídio e ao cancro da haste e alta resistência a micosferela.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASGROW. Vegetable seeds. Melões híbridos. Campinas, 1999. 1 folder. BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica. Departamento de Desenvolvimento Hidroagrícola. Melão. Brasília, 2003. 12p. (FrutiSéries. Ceará. Melão, 2).

CARDOSO, J.E.; SANTOS, A.A. dos; VIDAL, J.C. Efeito do míldio na concentração de sólidos solúveis totais em frutos do meloeiro. Fitopatologia Brasileira, v.27, p. 378-383, 2002b.

CARDOSO, J.E.; SANTOS, A.A. dos; VIDAL, J.C. Perdas na produção do meloeiro devido ao míldio. Summa Phytopathologica, v. 28, n. 2, p. 187-191, 2002a.

DUSI, A.N.; TASAKI, S.; VIEIRA, J.V. Metodologia para avaliação de resistência a Didymella bryoniae em melão. Horticultura Brasileira, v.12, n.1, p.43-44, 1994.

KOBORI, R.F.; SUZUKI, O.; WIERZBICK, R.; DELLA VECCHIA, P.T.; CAMARGO, L.E.A. Ocorrência da raça 2 de Sphaerotheca fuliginea, em melão no Estado de São Paulo. Fitopatologia Brasileira, v. 27, p. 123, ago.2002. Suplemento, ref. 318. Edição de Palestras e Resumos do XXXV Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Recife, PE, ago.2002.

KUROZAWA, C.; PAVAN, M.A. Doenças das cucurbitáceas. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; RESENDE, J.A.M. (Ed.). Manual de fitopatologia. São Paulo: Ceres, 1997. v. 2, p. 325-337.

McGRATH, M.T.; THOMAS, C.E. Powdery mildew. In: ZITTER, T.A.; HOPKINS, D.L.; THOMAS, C.E. (Ed.). Compendium of cucurbit diseases. St. Paul: The American Phytopathological Society, 1998. p. 28-30.

PAN, R.S.; MORE, T.A. Screening of melon (Cucumis melo L.) germplasm for multiple disease resistance. Euphytica, v.88, p.125-128, 1996.

PETOSEED. Cultivares especiais para o Brasil. Campinas, 1998. 4p.

REIFSCHNEIDER, F.J.B.; BOITEUX, L.S.; OCCHIENA, E.M. Powdery mildew on melon (Cucumis melo) caused by Sphaerotheca fuliginea in Brazil. Plant Disease, v.69, p. 1069-1070, 1985.

REIS, A.; VIEIRA, J.V.; BUSO, J.A. Avaliação de linhagens de melão do tipo valenciano para resistência a Sphaerotheca fuliginea, raça 1. Fitopatologia Brasileira, v. 27, p.156, ago. 2002. Suplemento, ref. 466. Edição de Palestras e Resumos do XXXV Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Recife, PE, ago.2002.

REUVENI, R.; DOR, G.; REUVENI, M. Local and systemic control of powdery mildew (Leveillula taurica) on pepper plants by foliar spray of mono-potassium phosphate. Crop Protection, v. 17, n.9, p.703-709, 1998.

SALES JÚNIOR, R.; VILLELA, A.L.G.; AMARO FILHO, J.; SILVA da, G.F.; COSTA da, F.M. Eficiência de difenoconazole no controle de oídio do melão. Fitopatologia Brasileira, v. 27, p.122, ago.2002. Suplemento, ref. 313. Edição de Palestras e Resumos do XXXV Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Recife, PE, ago.2002.

SITTERLY, W.R.; KEINATH, A.P. Gummy stem blight. In: ZITTER, T.A.; HOPKINS, D.L.; THOMAS, C.E. (Ed.). Compendium of cucurbit diseases. St Paul: The American Phytopathological Society, 1998. p. 27-28.

VIANA, F.M.P.; SANTOS, A.A. dos; FREIRE, F. das C.O.; CARDOSO, J.E.; VIDAL, J.C. Recomendações para o controle das principais doenças que afetam a cultura do melão na Região Nordeste. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2001. 22p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Circular Técnica, 12).

 

 

Autor:

José Milton da Silva

milton2411[arroba]gmail.com



 Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.