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O computador como agente modificador político social nas escolas de Maceió – AL (página 2)

Fabrício Barbosa

A contribuição da Informática Educativa é de ser instrumento, meio, de ensino e não o ensino de computação e de suas linguagens. Para isso existe os cursos de informática de terceiro grau. A Informática Educativa tem como base instigar a compreensão, a interação e a crítica do aluno, não é objetivo desta fazer com que o aluno seja dependente do computador ou muito menos seu subordinado, aprendendo muitas vezes a adaptar-se aos programas, assim como nos jogos eletrônicos.

Alguns programas foram elaborados para o estímulo da criança e interação junto ao computador. Seymor Papert desenvolveu um software educativo no qual são abolidos a posição de "máquina de ensinar" ou " Tutor com inteligência", dando um novo enfoque a Informática Educativa onde o computador passa a ser visto como ferramenta de aprendizagem.

O programa LOGO traz uma abordagem construtivista, de projeção do sujeito para a tartaruga, a qual através de procedimentos especificos dará início a construção de micro-mundos ou realidades virtuais. O programa LOGO oferece liberdade no pensar ao sujeito quando ele faz um papel de suprir a carência de recursos ou até instigar o sujeito a criar novos recursos para o seu própio beneficio. Essa manipulação do conhecimento e apropiação dos recursos, causa no sujeito um estimulo a auto-confiança nas suas formulações de hipóteses, não reprimindo-o em suas deduções lógicas, tiradas de suas próprias experiências individuais.

No ambiente LOGO a criança está no controle da máquina, e é ela quem programa e determina as regras a serem utilizadas. A criança constrói esquemas mentais para ensinar ao computador, codificando o saber da sua maneira, regendo o seu própio pensamento, isto é, tornando-se um epistemólogo. A criança quando está livre para o pensar torna-se construtora ativa de sua personalidade, ou seja, de suas estruturas intelectuais. As estruturas são construidas pelo aluno e não ensinadas pelo professor, isto não quer dizer que serão idéias construidas do nada.

Em nível social isto seria na prática uma mudança do individuo, que acarretaria uma mudança na sociedade produzida pelo resultado da ação do amadurecimento dos individuos. É também uma mudança política quando estimula o sujeito a pensar, a aprender, e consequetemente a exigir seus direitos e refletir seus deveres.

No ambiente LOGO a criança usa seu contexto, sua cultura, seus princípios para executar seus problemas de forma livre e espontânea, e na sociedade ela vai usar os valores do LOGO para julgar e agir no meio.

O computador pode concretizar a personalidade formal personalizando o individuo, não condicionado-o, mas deixando que ele mesmo seja crítico e desenvolva o seu intelecto. O computador pode permitir mudanças entre o concreto e o formal. Através de tentativas no programa LOGO, se aprende a errar para poder desenvolver estruturas mais adequadas com o gosto do sujeito que utiliza o computador.

A escola não é o engenho motriz da construção da personalidade do individuo, não é ela que determina a conduta do raciocinio do sujeito, mas ele mesmo em experiência pessoal prática. A educação não é meramente uma derivação direta do ensino formal, assim o fosse o computador seria de instrução programada, incapaz de fazer mudanças fundamentais.

Outro aspecto que deve ser ressaltado, em relação ao computador na educação é a questão do software educacional. Para usarmos um software educacional é preciso antes definir com precisão qual o objetivo educacional do programa, ou seja, para que se destina o programa dentro do quadro da educação. É essencial também saber quais as finalidades que o software deve atingir, por exemplo, se será instrumento auxiliar numa área curricular do ensino formal.

É necessário ainda, definir precisamente o público a que se destina o programa, de tal forma que o planejamento das tarefas, a apresentação e a execução do programa considerem o nível intelectual e o perfil do educando a que se destina. Devese considerar também o quadro teórico da educação em que se deve inserir o software. É preciso que ao desenvolvêlo, levemos em consideração o paradigma da educação vigente na situação em que será aplicado o software,correndo o risco deste nunca vir a ser utilizado por educadores devido à falta de compatibilidade com os modelos de trabalho escolhidos pelo professor.

Para MACHADO (1988) uma das questões mais importantes levantadas é se o software conduz passo a passo o aluno ao longo de uma lição ou se possibilita ao aluno aprender a lição por seus próprios meios. Quando conduz passo a passo, o programa é de natureza tutorial e está enquadrado na chamada "instrução assistida por computador",de origem behaviorista.

O software a ser desenvolvido de acordo com tal modelo seria de natureza aplicativa, com finalidades puramente instrutivas. Quando o software permite ao aluno aprender a lição por seus próprios meios, ele é uma ferramenta de ensino que possibilita ao aluno criar suas próprias alternativas de aprendizagem através do programa.

Todo software educacional reflete uma concepção de ensinoaprendizagem concepção essa que é resultante de uma visão filosófica da relação sujeitoobjeto no ato de aprender. Para GUIMARAES et alii (1987), a perspectiva de que "todo conhecimento é resultante da relação sujeito x objeto, onde os dois termos não se opõem, mas se solidarizam. As ações dos sujeitos sobre os objetos e destes sobre aqueles são recíprocas (visão construtivista)". (p.42), é a mais indicada quando se fala em computador na educação, pois o ponto de partida do processo ensinoaprendizagem não é, simplesmente nem o sujeito, nem os objetos do conhecimento, mas sim a interação de ambos.

Nessa perspectiva, o ensino pelo computador deve ocorrer viabilizando trocas entre o aluno (sujeito da aprendizagem) e o programa (que contará com objetos de aprendizagem decididos previamente), através das quais se tornem evidentes as possibilidades de assimilação e acomodação dos conteúdos veiculados.

Diante do computador, aluno e professor são pesquisadores. O professor procura quais sejam as possibilidades que a máquina apresenta ao usuário. O aluno procura a solução dos seus problemas e, assim fazendo, constrói ao mesmo tempo concreta, física e mentalmente o próprio pensamento.

A partir disso, o uso da informática em educação deve estar inserido numa proposta pedagógica que respeite o contexto sóciopolítico da realidade brasileira, as condições prévias do aluno e a avaliação permanente das aquisiç"es e processos intelectuais, antes, durante e após a utilização do computador.

Assim, discutese não o instrumento, mas a forma de empregálo. Os instrumentos que atraem o ensino são instrumentos de comunicação. A relação de ensino é uma relação de comunicação por excelência que visa a formar e informar.

É justamente por ser um instrumento de comunicação que o uso do computador tornase problemático: tendo a pedagogia um "como transmitir conhecimentos" tendo em vista uma filosofia e uma teoria, estes instrumentos se inserem diretamente no âmago da questão. Empregar qualquer instrumento significa modificar a relação alunoconhecimento, a relação alunoprofessor e a relação escolasociedade.

Assim, esta pesquisa busca respostas ao seguinte problema de estudo:

"A utilização do computador na educação no processo ensino-aprendizagem, utilizando a abordagem LOGO atua como agente modificador político social nas escolas públicas e privadas de Maceio - AL?"

Para trabalharmos este problema foi necessário o levantamento das escolas públicas e privadas de l. e 2. graus de Maceió - AL que tenham implantado o computador na Educação vinculado ao processo ensino-aprendizagem e que utilizem a abordagem LOGO.

A relevância da presente pesquisa se dá no fato de trazer à discussão os fundamentos psicopedagógicos da Informática Educativa e o seu papel político social na escola. Permite verificar se o professor consegue despertar na criança o senso crítico utilizando o computador e se a utilização deste nas escolas de Maceió está trazendo benefícios pedagógicos, sociais e políticos aos educandos.

Esta pesquisa tem como objetivos: analisar e discutir o contexto atual da Informática Educativa em Maceió-AL; discutir os fundamentos psicopedagógicos da Informática Educativa, relacionando-os com o processo ensino-aprendizagem; verificar a influência do computador no comportamento cognitivo da criança; verificar a influencia da informática no corpo social da escola; verificar como se dá na criança a questão do incentivo a auto-crítica e a reflexão da sociedade estimulada pelos programas educativos via computador; analisar a forma de utilização de softwares educativos e como estes influenciam no comportamento social da criança; discutir o papel do computador como agente modificador político social nas escolas de Maceió-AL.

A metodologia utilizada inicia com a a discussão dos fundamentos psicopedagógicos da Informática Educativa enfocando a relação Educação-Informática-Ensino-Aprendizagem, buscando-se analisar o contexto atual da Informática Educativa em Maceió e discutir o papel do computador como agente modificador político social nestas escolas. Utilizou-se a abordagem qualitativa e nesta a metodologia dialética. A coleta de dados se dará através da:

  • observação para a contextualização da realidade das escolas que farão parte da pesquisa e para subsidiar o trabalho com o computador utilizando a abordagem LOGO;

  • entrevistas, com professores que utilizam o computador na educação utilizando a abordagem LOGO nas escolas públicas e privadas de Maceió-AL;

  • questionário, com os alunos que fazem parte da amostra e estudam disciplinas utilizando LOGO nas escolas públicas e privadas de Maceió-AL e

  • análise documental. A presente pesquisa iniciará com o levantamento bibliográfico da utilização do computador na Educação utilizando-se a abordagem LOGO e suas consequências no processo ensino-aprendizagem nas escolas públicas e privadas de Maceió - AL. Será feito o levantamento das escolas que trabalham com computador na Educação utilizando a abordagem LOGO no processo ensino-aprendizagem. Será encaminhado a cada escola ofício do orientador solicitando espaço para serem feitas as observações, entrevistas com professores e aplicação de questionários com os alunos que compõem a amostragem da pesquisa que será feita por sorteio aleatório.

Os dados coletados estudados serão analisados recorrendo-se à metodologia de análise de conteúdos cujo processo tem início com a escolha de uma unidade de análise e a construção de categorias, que acontece após a análise das informações e dados disponíveis. Num primeiro momento, as categorias brotam do referencial teórico em que se apoiou o estudo, depois elas vão sendo modificadas com o desenrolar do estudo, num processo dinâmico de confronto entre teoria e evidência emprírica. A obtenção de um conjunto inicial de categorias é um processo convergente. A etapa seguinte é o enriquecimento seguindo um processo divergente: o aprofundamento, a ligação e a ampliação da análise do material. A conclusão do estudo se dará quando já existir um sentido de integração na informação obtida e na resolução do problema desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Fernando José de. Educação e informática: os computadores na escola. São Paulo : Cortez, Autores Associados, 1987.

_______.Pedagogia e informática. Acesso, 1 (1): 3134. São Paulo: FDE, jan/jun. 1988.

_______. Computador na escola pública? Fascínio ou autogestão? Revista Educ. Municipal. São Paulo: 1(1):2832, jun. 1988.

CANDAU, Vera M. Informática na Educação: um desafio. Rio de aneiro: Tecnologia Educacional, 20(9899):1423, jan/abr, 1991.

CASTRO, Claudio M. O computador na escola. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Cortez, 1991.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da Ciência. São Paulo, Atlas, 1988.

GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1987.

GUIMARAES, Angelo et alii. Produção e avaliação de sofware educacional. Educ.Rev. (6):4144, Belo Horizonte : dez. 1987.

LEPÍSCOPO, M. Informática: a formação profissional do SENAC. São Paulo: Acesso, 3(5):1320. jan. 1992.

LIBANEO, José Carlos. Democratização da escola pública: A pedagogia crítico social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1989.

LUDKE, Menga & ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986.

MACHADO, Elian C. A produção de sofware para educação. Rev. Bras. Est. Pedagog. 69 (162): 3449, Brasília : mai/ago.88.

MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Metodologia do Ensino de Informática: uma proposta para o nível superior. Santa Maria, setembro 1993. Diss.Mestrado.

PURPER, Dornalli L. Licenciaturas, qualidade de ensino e informática. Ijuí: UNIJUÍ, 1991. (Separata)

 

Autores:

Fabrício Barbosa Maciel

macielfabricio[arroba]yahoo.com.br

Psicologia/UFAL

Luís Paulo Leopoldo Mercado

TFE/CEDU/UFAL

Trabalho publicado nos Anais do VII Congresso Internacional LOGO e I Congresso de Informática Educativa do Mercosul. Porto Alegre/UFRGS, novembro 1995.

Fonte: Universidade Federal de Alagoas – Centro de Educação – PIBIC/CNPq



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