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O perfil do Educador Ambiental do ensino fundamental em São Francisco Do Sul – SC (página 4)

Prof. Edelene Soraia Da Silva
Partes: 1, 2, 3, 4, 5

Duffy (1987, p. 31), por sua vez, indica como benefícios do emprego conjunto dos métodos quantitativos e qualitativos os seguintes:

  • 1. Possibilidade de congregar controle dos vieses (pelos métodos quantitativos) com compreensão da perspectiva dos agentes envolvidos no fenômeno (pelos métodos qualitativos);

  • 2. Possibilidade de congregar identificação de variáveis específicas (pelos métodos quantitativos) com uma visão global do fenômeno (pelos métodos qualitativos);

  • 3. Possibilidade de completar um conjunto de fatos e causas associadas ao emprego de metodologia quantitativa com uma visão da natureza dinâmica da realidade;

  • 4. Possibilidade de enriquecer constatações obtidas sob condições controladas com dados obtidos dentro do contexto natural de sua ocorrência;

  • 5. Possibilidade de reafirmar validade e confiabilidade das descobertas pelo emprego de técnicas diferenciadas.

3.2 Contextualização da pesquisa

A pesquisa foi aplicada no município de São Francisco do Sul – SC, no mês de maio de 2007, em um total de sete escolas, sendo três estaduais, duas municipais e duas da rede particular de ensino, através de questionários com questões abertas e fechadas, com as turmas de oitavas séries do ensino fundamental e com os professores presentes na escola, também atuantes no Ensino Fundamental.

A opção pela oitava série se deu pelo fato de que os alunos nesta série por estarem finalizando a etapa do Ensino Fundamental na sua vida escolar, acredita-se que devam ter maior experiência e lembrança para obtenção de dados fiéis acerca do tema Educação Ambiental, foco desta pesquisa.

2.1 Descrição das escolas pesquisadas

A seguir uma breve descrição das sete escolas pesquisadas, ordenadas iniciando pelas Estaduais e Municipais e finalizando com as escolas particulares.

2.1.1 Escola de Educação Básica Santa Catarina

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Figura 7. Escola de Educação Básica Santa Catarina em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Estadual de Ensino, situada à Rua Barão do Rio Branco, 794, Centro, com 1200 alunos. Funciona em três turnos com cursos de Ensino Fundamental, Ensino Médio regular e profissionalizante de Magistério e Administração Comercial. Atende a uma comunidade muito diversificada por ser localizada no centro da cidade sendo que praticamente 85% dos alunos são do Ensino Médio oriundos dos mais diferentes bairros que não dispõem de escolas com Ensino Médio. Nesta escola há apenas uma turma de oitava série com trinta e nove alunos. O quadro de professores conta com quarenta profissionais, sendo que apenas treze atuam nas turmas de Ensino Fundamental. A escola funciona inclusive aos finais de semana com o Projeto Escola Aberta.

2.1.2 Escola de Educação Básica Victor Konder

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Figura 8. Escola de Educação Básica Victor Konder em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Estadual de Ensino, situada à Rua Almirante Barroso, 1062, Bairro Rocio Pequeno, com 583 alunos. Funciona em dois turnos apenas com Ensino Fundamental. Atende a uma clientela mais concentrada na região próxima da escola. Nesta escola há duas turmas de oitavas séries, uma pela manhã e outra à tarde, totalizando 78 alunos. A escola tem um total de 30 professores. Atende a deficientes visuais no contra-turno e cede espaço para reuniões do Programa Alcoólicos Anônimos (AA).

2.1.3 Escola de Educação Básica Felipe Schmidt

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Figura 9. Escola de Educação Básica Felipe Schmidt em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Estadual de Ensino, situada à Rua Felipe Schmidt, 87, Centro, com 556 alunos. Funciona em dois turnos, também apenas com Ensino Fundamental. Atende a clientela do centro da cidade e seus arredores. Nesta escola há duas turmas de oitavas séries, uma pela manhã e outra à tarde, totalizando 64 alunos. Na escola trabalham vinte e um professores que atuam somente em Ensino Fundamental, no entanto a escola oferece atendimento para deficientes auditivos em espaço projetado e montado exclusivamente para este atendimento.

2.1.4 Escola Básica Municipal Dr. Franklin de Oliveira

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Figura 10. Escola Básica Municipal Dr. Franklin de Oliveira em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Municipal de Educação, situada à Rodovia Duque de Caxias, s/nº, Bairro Reta, com cerca de 350 alunos. Funciona em dois turnos apenas com Ensino Fundamental. Esta escola atende aos alunos dos Bairros Reta e Iperoba e possui apenas uma turma de oitava série no turno da tarde com trinta e sete alunos. A escola conta com um quadro de vinte professores e cede espaço para Projeto Reviver e Telessala do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).

2.1.5 Escola Básica Municipal Dr. Rogério Zattar

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Figura 11. Escola Básica Municipal Dr. Rogério Zattar em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Municipal de Educação, situada à Rodovia Duque de Caxias, s/ nº, Bairro Sandra Regina, com cerca de 805 alunos. Funciona em dois turnos, também com Ensino Fundamental apenas. Sua clientela abrange alunos do próprio bairro, mas também atende a alunos dos Bairros Iperoba, Majorca e Ubatuba. A escola possui três turmas de oitavas séries, duas pela manhã e uma à tarde, totalizando 107 alunos. Nesta escola atuam trinta e três professores e no período noturno, a escola cede espaço para Programa de Telessala do CEJA.

2.1.6 Associação Francisquense de Ensino

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Figura 12. Associação Francisquense de Ensino em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Particular, situada à Rua Vigário Benjamim Carvalho, 41, Centro, com cerca de 519 alunos. Funciona em três turnos com cursos de Ensino Fundamental, Médio regular e profissionalizante com curso de Técnico em Logística Portuária. Sua clientela atende aos filhos de famílias mais abastadas bem como alunos beneficiados por bolsas de estudos pela Prefeitura Municipal. A escola possui apenas uma turma de oitava série pela manhã com 42 alunos e um quadro de professores com trinta profissionais sendo que apenas quinze atuam nas turmas de Ensino Fundamental.

2.1.7 Escola Básica Adventista de São Francisco do Sul

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Figura 13. Escola Básica Adventista em 10/06/2007.

Fonte: registros da pesquisadora

Rede Particular, situada à Rua Almirante Guilhen, s/nº, Centro, com cerca de 419 alunos. Funciona em dois turnos com Ensino Fundamental e Médio regular. Sua clientela é formada por alunos filhos de famílias mais abastadas da sociedade Francisquense, do círculo religioso da escola, do Lar de Meninas mantido pela Igreja Adventista e também por alunos beneficiados com bolsas de estudos da Prefeitura Municipal. A escola possui apenas uma turma de oitava série pela manhã com vinte e nove alunos. Na escola atuam vinte e três professores e destes apenas onze atuam no Ensino Fundamental.

3.3. Descrição das técnicas, instrumentos e fontes da pesquisa

Para esta pesquisa foi utilizada a técnica de coleta de dados por aplicação de questionários com questões abertas e fechadas e entrevista fechada simples.

A entrevista se deu apenas com gestores ou secretários das escolas que estivessem de posse e conhecimento do documento do PPP.

Utilizou-se dois tipos de questionários, porém ambos elaborados para obter praticamente as mesmas informações de fontes diferentes. As fontes buscadas foram professores de Ensino Fundamental e alunos de oitava séries também do Ensino Fundamental. No questionário aplicado aos professores as questões foram elaboradas mais em torno da práxis pedagógica enquanto para os alunos de oitavas séries, as questões voltam-se aos resultados destas práticas.

O questionário aplicado aos professores de Ensino Fundamental conta com quinze questões, através das quais se buscou saber sobre os seguintes aspectos:

  • Conhecimento e conceitualização própria sobre Educação Ambiental;

  • Leitura e conhecimento dos PCN e sua proposta para Educação Ambiental no Ensino Fundamental;

  • Utilização dos PCN na elaboração curricular e do PPP da escola;

  • Áreas e tempos de formação e atuação como docente;

  • Participação em cursos de capacitação sobre Educação Ambiental e aplicação prática dos conhecimentos na sua prática pedagógica, bem como utilização de materiais e técnicas;

  • Envolvimento da escola em projetos de Educação Ambiental;

  • Observação dos docentes acerca dos domínios e habilidades desenvolvidas nos seus educandos de acordo com os objetivos dos PCN de Educação Ambiental para Ensino Fundamental;

  • Sugestões dos docentes para melhoramento da Educação Ambiental nas escolas de Ensino Fundamental.

O questionário aplicado aos alunos, entretanto, conta apenas com sete questões, pois não questiona sobre seu conhecimento dos PCN nem sobre sua formação profissional, mas as demais questões são semelhantes, embora elaboradas de modo diferenciado. Estas investigam de modo indireto sobre a prática pedagógica dos professores e da escola e também sobre o entendimento dos educandos sobre o tema, sendo que as questões neste questionário contemplam o seguinte:

  • Conhecimento e conceitualização própria sobre Educação Ambiental;

  • Disciplinas nas quais mais aprendem sobre Educação Ambiental;

  • Envolvimento da escola em projetos de Educação Ambiental;

  • Conhecimento e conceitualização próprios sobre temas específicos de Educação Ambiental;

  • Auto-identificação com domínios e habilidades de acordo com os objetivos dos PCN de Educação Ambiental para Ensino Fundamental;

  • Reconhecimento de atitudes em sua prática diária para preservação do meio ambiente.

A aplicação dos questionários foi feita pessoalmente pela pesquisadora no mês de maio de 2007, com os educandos das oitavas séries das sete escolas pesquisadas, no entanto com os professores, nem sempre foi possível em função do tempo disponível em intervalos, ficando, às vezes, a cargo de algum responsável da escola, distribuir e arrecadar com os professores os questionários respondidos num prazo de uma semana.

Outra técnica utilizada foi de entrevista, aplicada com secretários das sete escolas no mesmo dia em que se aplicou os questionários. Nesta entrevista fechada, obteve-se apenas dados referentes à identificação da escola, tais como:

  • Total de alunos da escola

  • Total de professores da escola

  • Quantos professores lecionam no Ensino Fundamental

  • Cursos e níveis de ensino que a escola oferece

  • Número de turmas de oitavas séries no Ensino Fundamental e seus turnos

  • Total de alunos de oitavas séries do Ensino Fundamental

  • Se a escola possui PPP atualizado e data da última atualização

  • Se o tema transversal Educação Ambiental consta no PPP da escola.

Tais dados foram utilizados para a contextualização da pesquisa e a partir das informações obtidas pelos questionários e entrevistas, os dados foram analisados tanto quantitativa quanto qualitativamente, a fim de se definir um perfil do educador ambiental no município de São Francisco do Sul – SC, nas escolas de Ensino Fundamental.

3.4 Universo e amostra da pesquisa

O Universo da pesquisa constitui-se da totalidade dos profissionais docentes e alunos das sete escolas pesquisadas. Abaixo a tabela organiza os dados coletados para demonstração do Universo da pesquisa.

Tabela 2. Universo da Pesquisa

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Fonte: secretarias das respectivas escolas 2007.

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Deste universo explorou-se informações através de questionários aplicados aos professores atuantes apenas no Ensino Fundamental e aos alunos apenas das oitavas séries do Ensino Fundamental, que estavam presentes nas escolas nos dias das visitas para a aplicação dos questionários. Portanto, a amostra da pesquisa reduziu-se conforme a tabela abaixo aos professores e alunos que responderam aos questionários em relação ao total de professores de Ensino Fundamental e ao total de alunos de oitavas séries do Ensino Fundamental:

Tabela 3. Amostra da pesquisa em relação aos questionários respondidos

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Fonte: secretarias das respectivas escolas 2007.

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Assim, de um total de 206 professores das sete escolas pesquisadas, sendo apenas 143 professores são atuantes no Ensino Fundamental que é o de fato o foco desta pesquisa, obteve-se uma amostragem de 30,1% de professores pesquisados. Quanto aos alunos, de um total de 4.428 que estudam ao todo nas sete escolas pesquisadas, apenas 354 alunos estão cursando oitavas séries do Ensino Fundamental. Destes, 244 alunos estavam presentes e responderam aos questionários, obtendo-se 85,6% de amostragem em relação à série pesquisada.

3.5 Critério para análise da pesquisa

Os dados serão detalhados questão por questão, com os resultados obtidos seguidos de análise dos dados, tabulando sempre as sete escolas pesquisadas individualmente, na seguinte seqüência:

  • 1. EEB Santa Catarina

  • 2. EEB Victor konder

  • 3. EEB Felipe Schmidt

  • 4. EM Franklin de Oliveira

  • 5. EM Rogério Zattar

  • 6. Associação Francisquense de Ensino

  • 7. Escola Básica Adventista

Este critério organizacional foi adotado para tabular os dados obtidos tanto dos questionários aplicados aos professores quanto aos alunos de oitavas séries de Ensino Fundamental. Nas tabelas ed gráficos, cada escola será identificada por símbolos de duas letras associadas aos seus nomes, respectivamente do seguinte modo:

  • 1. EEB Santa Catarina - SC

  • 2. EEB Victor konder - VK

  • 3. EEB Felipe Schmidt - FS

  • 4. EM Franklin de Oliveira - FO

  • 5. EM Rogério Zattar - RZ

  • 6. Associação Francisquense de Ensino - FR

  • 7. Escola Básica Adventista - AD

4 MARCO ANALÍTICO

A presente pesquisa básica proporcionou uma série de resultados a partir de questionários aplicados no mês de maio de 2007, em sete escolas de Educação Básica, no Município de São Francisco do Sul – SC, com professores atuantes nesta modalidade de ensino e com alunos de oitavas séries do Ensino Fundamental. Considerando o fato de que os discentes desta série, por estarem finalizando esta etapa de escolarização, podem ter maior capacidade de memória e avaliação das metodologias e práticas da escola e dos seus professores no que diz respeito ao tema Educação Ambiental.

Trata-se de uma pesquisa básica, não-experimental, transseccional e descritiva (Sampieri, 1991), elaborada com o objetivo de traçar um perfil geral sobre os Educadores Ambientais do Ensino Fundamental em São Francisco do Sul - SC e analisar como se dão suas práticas e da escola onde atuam, para a elaboração e aplicação dos planos de ensino em relação aos objetivos propostos pelos PCN e o PPP da escola para o desenvolvimento de Educação Ambiental na formação dos educandos.

4.1 Análise das entrevistas sobre a atualização do PPP das escolas pesquisadas

O primeiro passo para se analisar os resultados desta pesquisa é em relação aos PPP das escolas pesquisadas, considerando sua última atualização e observando se o documento contempla Educação Ambiental como Tema Transversal a ser desenvolvido pela escola. Estes dados foram obtidos junto aos secretários ou diretoras das escolas, conforme maior familiarização e participação em sua elaboração.

A tabela a seguir expõe a situação encontrada em relação ao documento PPP das escolas pesquisadas, quanto à sua última atualização e quanto ao Tema Educação Ambiental constar na sua elaboração:

Tabela 4. Atualização do PPP nas escolas pesquisadas e o Tema Educação Ambiental

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Fonte: secretarias das respectivas escolas - 2007.

* PPP sendo atualizado no período da pesquisa.

A primeira constatação que se fez é de que das sete escolas pesquisadas, apenas duas contemplam Educação Ambiental em seu PPP a partir justamente deste ano de 2007, sendo que na Escola de Educação Básica Santa Catarina, o mesmo se deu por influência da própria pesquisadora que faz parte do corpo docente desta escola e também por influencia da pesquisa feita na escola. Em se tratando da Escola Municipal Rogério Zattar, segundo os gestores da mesma, tal tema, já será contemplado na nova reformulação.

Na Escola Básica Adventista, a coordenadora responsável entrevistada alegou que o PPP da escola estava sendo reformulado pelos conselheiros da própria igreja na sua sede e que já viria pronto para 2007, porém não contemplava Educação Ambiental anteriormente e como os profissionais da escola não participam diretamente da elaboração e reformulação do documento, não saberia informar se virá ou não contemplado o Tema este ano.

Nas demais escolas, entretanto, as diretoras ou pessoas responsáveis pela redação do documento, afirmam que não consta o Tema Educação Ambiental no PPP das escolas, inclusive a última atualização já está defasada, sendo que na Associação Francisquense de Ensino, o PPP é ainda de 2002. Na Escola de Educação Básica Victor Konder de 2004 e na Escola de Educação Básica Felipe Schimidt, mesmo sendo do ano passado, 2006, o documento ainda não contempla o Tema Educação Ambiental.

A seguir, os dados dos questionários serão apresentados seqüencialmente, primeiramente analisando o questionário aplicado aos professores de Ensino Fundamental e, a posteriori, os dados dos questionários aplicados aos alunos de oitavas séries. Os resultados serão expostos na forma de tabelas e de gráficos de acordo com o tipo de informação que comportam.

4.2 Análise dos dados dos questionários aplicados com professores do Ensino Fundamental

A aplicação do questionário aos professores se deu durante o mês de maio de 2007 em sete escolas de São Francisco do Sul – SC, e contém quinze questões abertas e fechadas que iniciam buscando informações acerca do conhecimento e utilização dos PCN, da experiência e formação profissional do entrevistado, sua prática metodológica e das escolas em que atuam bem como sugestões para Educação Ambiental nas escolas.

Ao todo foram entrevistados via questionários, quarenta e oito (48) professores de Ensino Fundamental conforme representação na tabela a seguir:

Tabela 5. Representatividade dos professores analisados por escolas e por grupos

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Como se pode observar, a maior representatividade é dos professores das escolas estaduais. Porém, na análise dos resultados dos questionários aplicados aos docentes, os dados serão apresentados separadamente, por escolas e por grupos, possibilitando estabelecer relações de comparação entre os resultados das escolas e professores e as questões serão analisadas de forma seqüencial.

Na primeira questão questiona-se sobre a pré-leitura dos PCN"s, procurou-se saber se os professores que atuam no Ensino Fundamental já leram o documento e têm conhecimento de seus conteúdos. Os resultados foram os seguintes:

Tabela 6. Leitura dos PCN"s

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Confrontando com a hipótese lançada de que os docentes não costumam ler os PCN"s, percebe-se que 100% dos professores entrevistados já leram e, portanto, conhecem os Parâmetros Curriculares Nacionais. No entanto, a segunda questão do questionário aplicado trata especificamente, dentro dos PCN"s, sobre a leitura da proposta de Educação Ambiental como Tema Transversal. Os resultados já foram um pouco diferentes conforme tabela e gráfico abaixo:

Tabela 7. Leitura da proposta de Educação Ambiental dos PCN

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Pode-se observar que a leitura dos PCN"s não é completa e provavelmente não ocorre em especificidade com o mesmo interesse. Praticamente apenas quase 60% dos professores entrevistados já se ativeram em ler os materiais sobre Educação Ambiental, sendo que 100% afirmaram já ter lido o documento. Isto nos sugere que a leitura se dá apenas em áreas de interesse e de formação e não como complementação real para orientação em temas transversais, por exemplo. Ainda seguindo esta linha de pesquisa, a terceira questão indaga sobre a utilização das orientações dos PCN"s na elaboração do plano de ensino dos professores e o resultado foi o seguinte:

Tabela 8. Utilização dos PCN na elaboração dos planos de ensino

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A leitura dos PCN"s com finalidade de utilização de suas orientações para formulação de planos de ensino é feita pela maioria dos professores do Ensino Fundamental entrevistados. Praticamente 83% dos professores se baseiam nas suas orientações na hora de elaborar os conteúdos curriculares, no entanto alguns professores não consideram isto importante e não utilizam os PCN"s para orientar seus planos de ensino, embora todos já tenham conhecimento do documento.

Com estes resultados atingiu-se o primeiro objetivo específico que era analisar se os educadores do Ensino Fundamental lêem e utilizam as orientações dos PCN"s sobre desenvolvimento da Educação Ambiental nos seus planos de ensino. Pelo que se pesquisou os professores lêem os PCN"s, não por completo, mas sim por áreas de interesse e, portanto o Tema Transversal sobre Educação Ambiental, não é do interesse de todos. Verificou-se ainda que praticamente metade dos professores de Ensino Fundamental leva em consideração as orientações dos PCN"s para elaborar seus planos de ensino.

Em outra etapa, a partir da quarta questão, procurou-se saber um pouco sobre a vida profissional dos professores entrevistados e a primeira informação coletada nesta questão foi sobre as áreas de formação, no que se obteve o seguinte:

Tabela 9. Área de formação dos professores do Ensino Fundamental

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* Let-Letras; Hist-História; Geo-Geografia; Ped-Pedagogia; Mat-Matemática; Bio-Biologia; Adm-Administração; EF-Educação Física; Art-Artes; Sup-Supervisão; Ingl-Inglês

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Observa-se, pois, que a maioria dos professores do Ensino Fundamental pesquisados tem formação em Letras e Pedagogia, pois estes cursos abrangem a atuação destes profissionais, principalmente nas séries iniciais e de primeira a quarta séries, que constituem a maior parcela da Educação Básica, e que estes profissionais ainda podem atuar também no Ensino Fundamental em disciplinas de maior carga horária curricular, tal qual Língua Portuguesa, por exemplo. Somente a partir da quinta a oitava série é que os alunos têm aulas com professores de áreas mais específicas com matérias diferenciadas.

Na quinta questão pesquisou-se sobre o tempo de serviço dos professores que responderam aos questionários, em anos de atuação. O resultado obtido foi convertido em uma média simples dos professores de Ensino Fundamental das escolas pesquisadas.

Tabela 10. Médias do tempo de serviço dos professores de Ensino Fundamental das escolas pesquisadas em anos

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Pelo que se pode observar, a média geral de tempo de serviço dos professores de Ensino Fundamental pesquisados, é superior a dez anos de serviço, o que supõe uma boa prática da profissão. Por outro lado, nestes últimos dez anos, o conceito e as novas correntes filosóficas da Educação vêm sofrendo transformações, que devem ser atualizadas através de cursos de capacitação, o que parece não estar acontecendo como deveria na formação continuada dos professores atuantes e ativos na Educação Básica. Isto pode ser observado na análise dos dados coletados pela questão número seis, que questiona justamente sobre a participação dos docentes em cursos de Educação Ambiental.

Tabela 11. Participação dos professores de Ensino Fundamental em cursos de EA

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Pelo que se observa apenas menos da metade dos professores de Ensino Fundamental participam de cursos de capacitação continuada de Educação Ambiental, inclusive entre suas anotações destacam-se frases como: "As secretárias solicitam a participação nestes cursos apenas aos professores de Ciências". Mas pelo que se observa na questão seguinte, os professores, em geral, não costumam participar de quaisquer outras modalidades de cursos que não sejam especificamente nas suas áreas de conhecimento ou atividade.

Na questão número sete foram questionadas as transformações das opiniões e práticas pedagógicas a partir da participação em cursos de Educação Ambiental.

Tabela 12. Mudança de opinião ou de prática pedagógica após cursos de capacitação em EA

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Neste caso, os professores responderam considerando participação em outros cursos que tenham participado, pois o índice de respostas positivas aumentou em relação à questão anterior. Observa-se que se inverteram os resultados, o que pode indicar que metade dos professores mudam suas opiniões e práticas pedagógicas ao participarem de cursos de Educação Ambiental ou mesmo outros cursos de capacitação continuada. Vemos aí a importância de políticas públicas para maior destinação das verbas para formação continuada dos professores.

No entanto, o fato de a outra metade admitir que não costumam modificar seus pensamentos e suas práticas após a participação em cursos de capacitação, é preocupante. Esta revelação nos remete a refletir acerca da qualidade dos cursos que são oferecidos aos professores, pois é alto o índice dos que assumem não se sentirem motivados a modificar suas práticas e pensamentos por conta dos cursos que participam.

Ainda na mesma questão, houve espaço para que os mesmos descrevessem suas práticas pedagógicas em Educação Ambiental a partir da participação nos cursos e as mais freqüentes citadas foram: interdisciplinaridade; reciclagem; contenção de gastos; novas técnicas de ensino relacionando teoria e prática; atualização de conteúdos; projetos para conscientização individual e social; projetos para rever conceitos e valores, orientar mais os alunos sobre preservação ambiental, co-responsabilidade; incorporar sempre que possível o tema às aulas curriculares; etc. Convém destacar, entretanto, que vários professores manifestaram falas que refletem preocupação com o tempo necessário a destinar para planejar atividades para aulas que abordem a Educação Ambiental. Isto demonstra que nem todos compreendem o tema de modo holístico e integrado. No entanto a maioria soube descrever um conceito próprio de Educação Ambiental conforme solicitado na questão número oito. Abaixo a tabela aponta o resultado desta questão:

Tabela 13. Construção de um conceito de Educação Ambiental

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Praticamente quase todos os professores pesquisados têm claro em suas idéias alguma forma de conceituar Educação Ambiental de modo geral, porém é preocupante que este resultado não seja na totalidade, pois em pleno século XXI é praticamente inadmissível que professores de Educação Básica, principalmente no Ensino Fundamental, período principal de formação de caráter do educando, estejam despreparados para trabalhar esta questão tão urgente para a sustentabilidade da humanidade e do planeta.

Na questão número nove, procurou-se saber sobre como os professores aplicam a Educação Ambiental como Tema Transversal nas suas disciplinas. O resultado foi bem parecido, embora mais completo, que os resultados da questão sete em que se solicitou descreverem as práticas após participar de cursos de capacitação.

A tabela abaixo demonstra que em geral os professores tentam trabalhar de alguma forma a Educação Ambiental como Tema Transversal nas suas aulas e em suas disciplinas.

Tabela 14. Aplicação da Educação Ambiental como Tema Transversal

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Felizmente a maioria dos professores se preocupa em trabalhar Educação Ambiental como Tema Transversal em suas disciplinas, mesmo que não esteja no PPP da escola, mas ainda há quem não a pratique com seus alunos. Entre as formas de aplicação da Educação Ambiental nas aulas, as mais citadas pelos professores foram: utilização de textos; redações; jornais; debates; histórias; comparações; pesquisas em aula e de campo; contextualizações nas áreas do conhecimento; cartazes; uso de materiais recicláveis; projetos diversos; músicas; filmes; chamando atenção em diálogo; maquetes; colagens; painéis; artes visuais; teatro; curiosidades; passeios; seminários; plantio de mudas e hortas; brinquedos de sucata; aproveitando oportunidades em dias comemorativos; etc.

Na questão dez os entrevistados docentes indicaram os tipos de materiais que utilizam para a prática da Educação Ambiental nas suas aulas e projetos com os alunos do Ensino Fundamental.

Tabela 15. Professores que utilizam materiais alternativos para a prática da Educação Ambiental

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Alguns professores deixaram esta questão em branco, demonstrando que não diversificam os materiais para uso em sala de aula nos processos ensino-aprendizagem, o que sugere que utilizam apenas recursos comuns como livro didático, quadro negro e giz. Mas felizmente, a maioria dos professores analisados se preocupa em utilizar materiais alternativos para a prática da Educação Ambiental nas suas aulas e projetos e os principais materiais citados pelos professores em geral são: revistas; gravuras; jornais; vídeos; letras de músicas; poemas; sucata; isopor; problemas matemáticos; aulas de campo; cartazes; faixas; fotos; pipas; surf; skate; material reciclável; livros e apostilas didáticos e comunitários; internet; dialética; transparências e retro-projetor; revistinhas de ONG; etc.

Até aqui os dados da pesquisa auxiliaram em parte para atingir o objetivo deste trabalho que é traçar um perfil dos Educadores Ambientais de todas as áreas de Ensino Fundamental, e as metodologias com que trabalham Educação Ambiental nas suas disciplinas regulares. A partir da questão onze, seguiu-se na mesma linha de pesquisa, agora para saber sobre a prática de Educação Ambiental por parte das escolas pesquisadas para investigar sobre as práticas de Educação Ambiental em escolas de Ensino Fundamental nas esferas Municipal, Estadual e Privada de São Francisco do Sul - SC.

Nem todos os professores reconhecem práticas de Educação Ambiental nas escolas onde trabalham e isto aconteceu em seis das sete escolas analisadas, embora a maioria dos professores tenha citado atividades que julgam fazer parte de EA nas escolas onde atuam. Assim os dados foram organizados da seguinte forma:

Tabela 16. Ocorrência de práticas de Educação Ambiental nas escolas

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É alto o índice de 25% de professores que não reconhecem nenhuma forma de iniciativa ou atividade de Educação Ambiental por parte das escolas onde atuam. Embora as descrições dos demais professores se repitam bastante, revelando que a maioria das escolas promove os mesmos tipos de atividades, demonstram que as escolas, mesmo ainda engatinhando no processo de construção da eco-educação, já tomam iniciativas neste sentido. Os professores descreveram que a EA acontece nas escolas de diversas maneiras que se repetem entre projetos bastante semelhantes, tais como: palestras; seminários; exposições; visitas a campo nos arredores da escola e nas casas dos alunos; passeatas; feiras; participação em concursos e campanhas; projetos de higiene pessoal e limpeza do pátio, projetos sobre água, energia, petróleo, horta, árvores, mudas, flores, reciclagem de papel, separação de lixo, etc.

Na questão de número 12, perguntou-se aos professores se o PPP da sua escola contempla Educação Ambiental. Na tabela abaixo o resultado apontado foi o seguinte:

Tabela 17. PPP da escola contempla EA

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Praticamente mais da metade dos professores acreditam que a Educação Ambiental é contemplada no PPP das escolas onde trabalham, enquanto que o restante acha que não. Novamente houve conflito de informações em todas as escolas analisadas o que sugere um grande problema de comunicação e, o que parece ainda pior, que a construção e elaboração do PPP nas escolas não está acontecendo de modo participativo, como determina a LDB, sendo que quase metade dos professores analisados, na verdade, não souberam responder a esta questão com coerência, uma vez que nos dados das entrevistas com gestores e secretários das escolas sobre o PPP, constatou-se que a maioria das instituições não contemplam, de fato, o Tema Educação Ambiental no seu PPP.

Na questão número treze, perguntou-se sobre quais as maiores dificuldades que os professores percebem, para uma prática pedagógica ideal e interdisciplinar de Educação Ambiental na escola onde atuam. A tabela abaixo demonstra que nem todos os professores responderam a esta questão.

Tabela 18. Dificuldades para a prática da EA na escola

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A maioria dos professores apontaram dificuldades para a prática da Educação Ambiental nas escolas, entre elas se repetem com mais freqüência as seguintes: falta de interesse, tempo, participação, compromisso e envolvimento dos docentes, de leitura dos PCN, falta de compromisso com uma educação de qualidade e de material didático, falta continuidade e engajamento, avaliação, falta interesse e consciência dos alunos, faltam recursos financeiros, dinamismo da escola, tempo para reuniões e planejamento, cursos na área para professores e quando tem são fracos, falta laboratórios e equipamentos, não há condução para aulas de campo, falta ainda romper os muros que separam as áreas do saber, falta diálogo, políticas públicas para melhoria e mais investimento na educação e no professor, compreensão dos pais sobre atividades alternativas que fujam do tradicionalismo, resistência dos alunos, falta espaço para mais natureza nas escolas, maior relevância a conhecimentos mais contextualizados e, por outro lado, há excesso de conteúdos irrelevantes.

A questão número quatorze merece uma análise mais criteriosa, face à complexidade de sua elaboração. Os objetivos da Educação Ambiental propostos pelos PCN foram lançados como alternativas para que os professores completassem com 1, 2 ou 3 conforme o que observassem nos seus alunos, segundo o seguinte critério:

1 – pela sua prática;

2 – pela prática dos projetos desenvolvidos na escola ou;

3 – não observa nos alunos.

A seguir vamos descrever cada um dos itens e seus resultados observados pelos professores em uma tabela que irá relacionar os itens pelas letras do alfabeto de a a j conforme a seguinte seqüência dos objetivos dos PCN para o Ensino de EA que são:

  • a. Identificar-se como parte integrante e responsável pela natureza

  • b. Respeito às diversidades da natureza

  • c. Respeito às diversidades sociais

  • d. Analisar criticamente os fenômenos em prol da qualidade de vida

  • e. Adoção de posturas na escola para o desenvolvimento sustentável

  • f. Adoção de posturas em casa para o desenvolvimento sustentável

  • g. Compreensão dos problemas ambientais de modo local

  • h. Compreensão dos problemas ambientais de modo global

  • i. Compreensão das relações causa/efeito que condicionam a preservação da vida

  • j. Conhecimento de modo integrado as noções básicas relacionadas ao meio ambiente

Tabela 19. Percepção dos professores dos objetivos da Educação Ambiental nos alunos do Ensino Fundamental

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A análise dos dados desta questão é bem extensa e para ficar bem claro cada item será analisado individualmente a seguir:

a. Identificar-se como parte integrante e responsável pela natureza – a metade dos professores pesquisados não observam nos alunos este item, consideram que os alunos não identificam-se desta forma.

b. Respeito às diversidades da natureza – agora metade dos professores acham que é mérito das ações da escola que os alunos demonstram respeito às diversidades da natureza.

c. Respeito às diversidades sociais – mais da metade dos professores considera a escola responsável por desenvolver nos alunos o respeito às diversidades.

d. Analisar criticamente os fenômenos em prol da qualidade de vida – quase metade dos professores analisados também atribuem à escola a responsabilidade pelo fato de os alunos analisarem criticamente os fenômenos em prol da qualidade de vida.

e. Adoção de posturas na escola para o desenvolvimento sustentável – quase metade dos professores se considera responsável pelo desenvolvimento destas posturas nos seus alunos.

f. Adoção de posturas em casa para o desenvolvimento sustentável – mais da metade dos professores não percebe tais posturas nos seus alunos, provavelmente pelo distanciamento do conhecimento da vida do aluno fora da escola.

g. Compreensão dos problemas ambientais de modo local – metade dos professores também atribuem este item à ação da escola para o desenvolvimento dos alunos.

h. Compreensão dos problemas ambientais de modo global – novamente metade dos professores consideram que a escola é quem desenvolvem estas habilidades nos alunos.

i. Compreensão das relações causa/efeito que condicionam a preservação da vida – neste item também quase metade dos professores consideram que é a escola que promove ações para o desenvolvimento desta habilidade nos alunos.

j. Conhecimento de modo integrado das noções básicas relacionadas ao meio ambiente – neste item a situação se repete como no item anterior.

Interessante que em todos os itens houve percentuais próximos a 50% em determinado critério e o restante se distribui de modo eqüitativo entre os dois itens restantes. Apenas no primeiro item a maioria dos professores assinalaram o critério 3, considerando não observar a habilidade nos alunos e só apenas no segundo item atribuíram a si o mérito ou responsabilidade pela habilidade dos discentes. Nos demais oito itens, a metade dos professores aproximadamente se isenta do mérito ou responsabilidade, atribuindo-os à escola. O que se pode interpretar deste resultado, talvez seja o fato de que os professores não se sentem preparados e/ou capazes de desenvolver todas estas habilidades nos alunos.

Na questão quinze, solicitou-se aos professores que apontassem sugestões que pudessem melhorar a prática da Educação Ambiental nas suas aulas e na escola. As sugestões foram de encontro às dificuldades apontadas pelos professores na questão treze, embora também aqui alguns professores não souberam ou não quiseram responder, conforme a tabela a seguir:

Tabela 20. Sugestões para melhorar a prática da Educação Ambiental nas escolas

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Nesta última questão do questionário aplicados aos professores, apesar de alguns se isentarem de responder, houve maior diversificação de respostas como forma de protestos e pedidos de socorro pela educação como um todo e não apenas pela Educação Ambiental.

As sugestões apontadas pelos professores em geral foram: mais material didático de qualidade; valorização e continuidade dos projetos; cursos de capacitação continuada aos professores; cursos e oficinas para alunos; parcerias por recursos, ONG; práticas de papel reciclado, brinquedos de sucata, estufa de mudas, feiras; reuniões mensais; engajamento pela preservação; seminários, debates e palestras; conscientização dos professores; mudança radical de toda a sociedade; espaço para oficinas e laboratórios; salário justo aos profissionais da educação; recursos financeiros; integração dos professores; educação familiar; participação de toda a comunidade; trocas de experiências entre os diferentes seguimentos das escolas; condução para aulas a campo e visitações; seleção do lixo na escola e extensivo ao lar; leituras e exposições de exemplos que deram certo; cursos sobre os problemas locais e para aplicação em sala de aula; projetos de preservação das grandes áreas já degradadas; etc.

4.3 Análise dos dados dos questionários aplicados com alunos de oitavas séries do Ensino Fundamental

Este segundo questionário também foi formulado com questões abertas e fechadas e foi aplicado a um total de trezentos e três alunos (303) no mesmo período, no mês de maio, com alunos das oitavas séries do Ensino Fundamental das sete escolas pesquisadas, sendo cento e vinte e sete (127) de escolas estaduais, cento e vinte e três (123) de escolas municipais e cinquenta e três (53) de escolas particulares.

Para a descrição e análise dos dados dos questionários aplicados com alunos, os critérios e metodologia são semelhantes, porém o foco de seqüência inicia investigando os conceitos que os adolescentes fazem de Educação Ambiental, segue investigando sobre as disciplinas que mais trabalham o tema, depois investiga a atuação da escola pela visão dos alunos, os conteúdos mais comuns da eco-pedagogia e finalmente os mesmos itens relacionados no questionário dos professores, sequenciando os objetivos da EA pelos PCN para que os alunos avaliem-se e identifiquem-se entre eles.

Na primeira questão, pediu-se que os alunos descrevessem com suas palavras o que compreendem por Educação Ambiental. Os resultados apresentados por eles foi o seguinte:

Tabela 21. Conceito de Educação Ambiental pelos alunos

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Como se pode observar, a grande maioria dos alunos das oitavas séries das escolas pesquisadas souberam descrever de algum modo um conceito de Educação Ambiental, no entanto é alto o índice de 17,5% de alunos que não saibam compreender este conceito ainda, já estando concluindo o Ensino Fundamental.

Na segunda questão buscou-se saber sobre as disciplinas que trabalham Educação Ambiental na visão dos alunos. Estes deveriam assinalar todas as disciplinas que considerassem aprender sobre EA e a lista que lhes foi dada constava com as seguintes disciplinas: ciências, história, artes, geografia, ensino religioso, português, matemática, educação física, informática e inglês. Abaixo os resultados obtidos nos questionários de pesquisa:

Tabela 22. Disciplinas que mais trabalham EA segundo os alunos

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Os discentes das duas últimas escolas acrescentaram mais as disciplinas de Filosofia e EPV – Educação Para a Vida, que não constavam da relação no espaço para mais opções e como já era de se esperar, a grande maioria dos professores que trabalham Educação Ambiental são aqueles que já têm o tema incluído no seu currículo, no caso as disciplinas de Ciências e Geografia. A grande revelação, no entanto foi o terceiro lugar ser para a disciplina de Ensino Religioso, o que leva a considerar que por ser esta uma disciplina relativamente flexível em relação ao seu currículo e por ser a religiosidade trabalhada de modo laico, abre precedentes para que os professores implementem os Temas Transversais nos seus planejamentos como forma de complementar o estudo das religiões.

Na terceira questão perguntou-se aos alunos se na sua escola costuma ou não acontecer atividades que promovam a Educação Ambiental, e os resultados foram:

Tabela 23. Atividades de Educação Ambiental nas escolas

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Neste ponto da pesquisa os dados são bastante conflitantes entre si, embora o resultado geral tenha sido desfavorável a mais da metade das respostas, observa-se que em algumas escolas a EA está acontecendo, mesmo que de modo ainda tímido. Cada escola tem um estilo próprio de trabalhar e isso se reflete no modo como os alunos a compreendem e conseguem perceber seus movimentos. Neste caso vê-se que os alunos percebem a dinâmica da EA em algumas escolas enquanto em outras simplesmente não acontece e o interessante é que não há um padrão entre as escolas. A disparidade se dá nas três esferas, tanto em escolas do município como estaduais e nas particulares. No entanto, generalizando os resultados, a prática da EA nas escolas ainda é muito pequena e distante do ideal para uma mudança de comportamento social futura. Essa transformação, neste ritmo tende a estender-se ainda por muito tempo até que se adote práticas de EA realmente significativas para mudar este quadro.

Na quarta questão, os alunos deveriam responder se consideram que as atividades desenvolvidas pelos professores e pela escola oferecem uma boa formação de EA aos alunos. A tabela abaixo mostra os resultados apontados por eles.

Tabela 24. Formação pelas atividades de EA que a escola oferece

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Novamente os resultados são bastante díspares pelas mesmas proposições da questão anterior, pois ambas as perguntas tratam do mesmo enfoque, embora diferem no aspecto direcionado à prática da escola enquanto instituição em uma e à formação dos alunos enquanto clientela nesta outra. Observa-se que neste caso, os papéis se invertem e os alunos embora não reconheçam as atividades desenvolvidas pela escola como atividades específicas de EA, consideram que no geral lhes oferecem boa formação neste sentido. Contudo, o resultado de mais da metade favorável à formação dos alunos, ainda é pequeno em relação à prática ideal como já foi mencionado na questão anterior.

Na quinta questão os alunos deveriam assinalar com um X nas alternativas sobre alguns problemas ambientais conforme se sentissem seguros para discursar sobre eles. Retratando sobre quais problemas ambientais tem maior ou menor conhecimento. A tabela a seguir, descreve os resultados obtidos.

Tabela 25. Conhecimento sobre problemas ambientais

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No resultado se pode estabelecer um escore de temas mais conhecidos pelos alunos em torno dos

problemas ambientais. Na ordem decrescente, os temas de maior familiaridade dos alunos são: 1º Poluição do solo, água e ar; 2º Violência; 3º Desemprego; 4º Falta d"água; 5º Efeito estufa; 6º Desperdício de energia; 7º Buraco na camada de ozônio; 8º Invasões de terras; 9º Lixo e chorume; 10º Chuva ácida; 11º Escassez de petróleo; 12º Depredação; 13º Transgênicos; 14º Desenvolvimento sustentável; 15º Biopirataria e Desertificação; 16º Arrocho salarial e 17º Bioética.

Disso pode-se ainda concluir que os problemas ambientais mais significativos são justamente os que são citados como os mais trabalhados pelas escolas como a poluição e a falta de água, o que revela a importância destas instituições na educação formal dos educandos e os mais vivenciados pelos alunos no seu cotidiano, como o desemprego e a violência, o que revela que a contextualização se faz presente na necessidade de reorganizar o currículo para que este auxilie na consolidação de um novo paradigma, o da eco-pedagogia.

Na sexta questão, foram utilizados novamente os objetivos dos PCN"s para a Educação Ambiental no Ensino Fundamental na forma de afirmativas para que os alunos assinalassem com um X nas alternativas com as quais se identificassem.

Para os alunos os objetivos dos PCN"s foram expostos na seguinte forma e sequencia:

a. considera-se parte integrante da natureza e responsável por ela

b. respeita as diversidades da natureza

c. respeita as diversidades sociais e étnicas

d. analisa criticamente os fenômenos naturais em favor da qualidade de vida

e. adota posturas na escola para o desenvolvimento sustentável

f. adota posturas em casa para o desenvolvimento sustentável

g. compreende os problemas ambientais de modo local

h. compreende os problemas ambientais de modo global

i. compreende as relações causa/efeito que condicionam a preservação da vida

Abaixo a tabela descreve o resultado do que os alunos assinalaram nos questionários:

Tabela 26. Identificação sobre objetivos dos PCN"s

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Os resultados, neste caso, merecem particular atenção, pois é surpreendente que de um total de trezentos e três (303) alunos pesquisados, a grande maioria não se identifica na totalidade com os objetivos dos PCN"s. Na distribuição geral de suas respostas, os alunos escolheram poucos itens para assinalar enquanto o ideal é que tivessem consciência ambiental, já nesta fase de estudos, para assinalar a maioria das alternativas oferecidas.

No aspecto geral, a relação de ordem, novamente decrescente, de identificação dos alunos com os objetivos dos PCN"s, tratados desta forma como características de formação dos educandos, ficou assim: 1º entendem que respeitam as diversidades da natureza; 2º consideram-se parte integrante da natureza e responsável por ela; 3º compreendem os problemas ambientais de modo global; 4º compreendem as relações causa/efeito que condicionam a preservação da vida; 5º compreendem os problemas ambientais de modo local; 6º respeitam as diversidades sociais e étnicas; 7º adotam posturas em casa para o desenvolvimento sustentável; 8º adotam posturas na escola para o desenvolvimento sustentável e 9º analisam criticamente os fenômenos naturais em favor da qualidade de vida.

Em suma, os poucos itens assinalados retratam que os alunos têm uma certa consciência ambiental, porém esta ainda está longe do ideal para a consolidação de uma sociedade capaz de promover ações locais para gerar um reflexo global de desenvolvimentos sustentável em curto espaço de tempo.

Na última questão foi solicitado aos alunos que escrevessem no verso do questionário uma lista de atitudes que costumam praticar para colaborar com a preservação do meio ambiente em casa, na rua ou na escola. Novamente os alunos foram repetitivos e poucos souberam relacionar atitudes cotidianas significativas. Em geral os principais itens descritos pelos alunos foram os seguintes:

  • a. Não jogar lixo na rua

  • b. Economizar água

  • c. Separar lixo para reciclar

  • d. Preservar a natureza

  • e. Não poluir rios e mares

  • f. Não desmatar

  • g. Plantar árvores e plantas em geral

  • h. Apagar luzes e economizar energia

  • i. Não fazer queimadas

  • j. Estudar e conscientizar colegas e outras pessoas

  • k. Não matar animais

  • l. Medidas de saneamento e higiene doméstica

A tabela abaixo organiza os itens descritos pelos alunos e quantos repetiram estas idéias sendo que os itens correspondem ao seguinte:

Tabela 27. Descrição de atitudes próprias de preservação ambiental

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As atitudes apontadas pelos discentes em ordem decrescente de vezes que foram escritas ficou então assim: 1º Não jogar lixo na rua; 2º Separar lixo para reciclar; 3º Economizar água; 4º Preservar a natureza; 5º Não poluir rios e mares; 6º Não desmatar; 7º Apagar luzes e economizar energia; 8º Plantar árvores e plantas em geral; 9º Não fazer queimadas; 10º Estudar e conscientizar colegas e outras pessoas; 11º Não matar animais; 12º Medidas de saneamento e higiene doméstica.

A grande maioria descreve o "não jogar lixo na rua" como a principal atitude que praticam no dia-a-dia para preservação ambiental. Realmente foi bastante significativa a quantidade de alunos que repetiram esta atitude em relação aos demais itens que se distribuíram de maneira mais uniforme entre o total de alunos pesquisados.

No entanto, é pouco percebido pelos próprios alunos que outras atitudes, como as mesmas descritas por eles, também podem ser praticadas por mais deles, no entanto não reconhecem-se praticando isto de modo consciente para uma prática de preservação ambiental, mas talvez por conseqüência de pressão social dos meios em que estão inseridos como ato coercitivo apenas.

Observa-se, portanto, que os parâmetros de distribuição dos dados variam muito de escola para escola independentemente de a qual esfera possa esta pertencer, se municipal, estadual ou particular. E fica posto, pois, que de fato, as práticas e noções de Educação Ambiental, descritas pelos entrevistados, são ainda bastante simples, embora já a caminho de uma construção social de um novo modelo de sociedade auto-sustentável.

CONSIDERAÇÃES FINAIS

Os problemas ambientais que hoje comprometem a vida no planeta são oriundos de diversos fatores naturais e também da ação humana. As parcelas de responsabilidade pelo quadro preocupante que se apresentam nos relatórios ambientais, de fato, não nos remetem a uma condenação de um ou de outro por completo, mas nos impõem a obrigação de modificar alguns comportamentos antrópicos geradores de problemas solucionáveis a curto, médio e longo prazo.

Se levarmos em conta o fato de que diante da história do universo, do planeta e da própria humanidade, a compreensão e a tomada de consciência sobre a influência negativa humana nos fatores ambientais são muito recentes, poderemos ser otimistas em relação ao futuro da humanidade. Aqui no Brasil, por exemplo, a própria Lei da Natureza, Lei no 9.605/98 e ainda muito recente e está entre a legislação dos países pioneiros em ações de preservação do meio ambiente, embora com muito ainda a se fazer.

Não se pode afirmar que o desenvolvimento industrial e o capitalismo são por si só culpados, nem mesmo a humanidade atual pode ser apontada como vilã dessa história, pois as diferentes culturas que levaram aos cenários de catástrofes naturais ou provocadas pelo homem são arraigadas de milênios de histórias de exploração extrativista, o que as torna muito difícil de se modificar simplesmente de uma hora para outra.

Os sistemas criados pelas diversas civilizações através do mundo, de educação, cultura, política, comércio, indústria, etc., sempre levaram à busca da satisfação das necessidades, de conforto e de otimização das atividades humanas. A compreensão da natureza era de um ser de infinitas condições de regeneração. Somente há poucas décadas passamos a desenvolver estudos científicos que trouxeram novidades alarmantes sobre esta influência do Homem no meio ambiente. A grande preocupação está no fato do quanto nossa espécie tem se proliferado no planeta, aumentando vertiginosamente o impacto ambiental oriundo de suas práticas.

Além de ações drásticas de âmbito político, educacional ou cultural, é preciso se pensar em meios de diminuir a pobreza e a desinformação das pessoas. Há que se pensar em políticas de planejamento familiar, de geração de renda, de distribuição agrária e de educação acima de tudo.

Somente o indivíduo politizado e culto é capaz de compreender com facilidade a sua real influência no sistema ambiental. Somente através do seu exemplo, é possível a formação de uma nova sociedade através de uma mudança cultural significativa. Não que pessoas absolutamente humildes não tenham essa capacidade, mas os objetivos de vida entre ambos são diferentes. Enquanto um tende a viver de modo sustentável o outro tende a sobreviver, simplesmente, a qualquer preço.

Partindo desta premissa, só será possível política ou solução aos problemas ambientais e sociais com participação e envolvimento dos três segmentos fundamentais, as empresas, o governo e a sociedade civil.

É necessário que se defenda a educação como principal meio de modificação social, pois, os programas assistencialistas são efêmeros, não resolvem na raiz do problema. Filantropia e paternalismo não instituem mudança de atitude, não contribuem para a inclusão social diante das diversidades culturais e econômicas. Pelo contrário, excluem outra parcela que se vê prejudicada por não receber do governo benefícios, como o sistema de cotas para ingresso universitário. Diante de sessenta vagas, alunos brancos brilhantes classificados acima do quadragésimo lugar, perdem seu direito nas universidades, pois vinte vagas são para negros e deficientes, que podem ou não ser brilhantes também. Para promover a inclusão, todos deveriam ter direito a estudar, perderia o direito quem não fizesse jus ao benefício por meio da reprovação ou outros modos classificatórios e até mesmo, talvez, punitivos.

Podemos considerar a legislação brasileira uma das melhores do mundo pelos direitos que assegura aos seus cidadãos, porém há muito que se rever em termos de direitos humanos e sociais, assim como nas questões ambientais. Infelizmente ainda existem muitos interesses que agridem esses direitos em nome da produtividade e da lucratividade e valores éticos são dispensados, colocando à mercê de tais segmentos da sociedade, pessoas e outros seres que não têm escolha. É o que se vê em pleno século vinte e um, quando assistimos notícias de flagrantes de trabalho escravo, de exploração sexual e infantil, ondas de violência banalizadas, que nos colocam em choque com essa cultura de preservação ambiental ideal para salvar o planeta.

Mesmo diante de uma reflexão acerca de se estabelecer em que ponto da vida, uma pessoa teoricamente dita normal, se perde nas ruas e cai na mendicância? Será que este cidadão, ao longo de toda sua vida, entre décadas, nunca teve nenhuma oportunidade para estudar? Será que entre um total de 12 a 14 anos de estudos até a conclusão do Ensino Médio, uma pessoa pode passar sem nunca ter tido uma escola que o incentivasse ou um professor que o apontasse a liberdade a partir do conhecimento?

Os resultados desta pesquisa apontaram para um perfil de Educador Ambiental um tanto preocupante, de fato, uma vez que o documento que deveria nortear as ações das escolas brasileiras e seus profissionais, não está sendo utilizado e elaborado continuamente de modo participativo. Seus conteúdos curriculares são meramente conteudistas não contemplando a Educação Ambiental.

O professor de Ensino Fundamental, já na sua formação enquanto educador não tem um preparo adequado para se sentir auto-suficiente nas dinâmicas dos conteúdos que envolvem a Educação Ambiental, logo, sequer podem elaborar na sua totalidade um conceito próprio que seja além do senso comum. Na verdade, nos dias em que vivenciamos, deveríamos ter um total de cem por cento de educadores cientes e atualizados sobre este assunto.

As atividades apontadas revelam que os professores percebem a importância da Educação Ambiental, mas não compreendem sua responsabilidade em envolver o tema em suas disciplinas de conteúdo curricular. Tanto que a maioria aponta a escola como responsável pela maioria dos objetivos propostos pelos PCN"s e não a si próprios no desenvolvimento dos educandos como cidadãos do mundo. E isso ocorre não apenas pela falta de cursos de capacitação ou de preparo na formação dos seus cursos de graduação, mas pelo próprio desinteresse dos que não buscam ler a respeito nem mesmo nos documentos norteadores dos Temas Transversais que trazem a Educação Ambiental como um dos temas urgentes e de problemática de ordem social.

Quanto ao fato de os professores praticamente não terem acesso aos cursos de capacitação em Educação Ambiental, é comum saber que em geral as escolas mandam para estes cursos os professores das áreas afins, já por solicitação na circular de convite ou convocação vinda das secretarias ou órgãos da Educação. São raros os cursos sobre os Temas Transversais e ainda mais especificamente sobre Educação Ambiental, logo a limitação de vagas aos educadores é um fator limitante da formação continuada para a capacitação real dos professores como Educadores Ambientais.

Partes: 1, 2, 3, 4, 5


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