As questões de Gênero e as Diferenças Culturais nas Escolas Brasileiras



  1. Introdução
  2. Referencial Teórico
  3. Metodologia
  4. Resultados
  5. Perspectiva da Entdramatisierung/Desdramatização
  6. Referências Bibliográficas

A pesquisa objetiva discutir e refletir sobre como as questões de gênero e as diferenças culturais são entendidas e trabalhadas no campo escolar. A concepção teórica abarca autor@s alem@s e brasileir@s que abordam as temáticas: construção de gênero e educação intercultural. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em três escolas do Sul do Brasil. A parte empírica foi desenvolvida por meio de dois métodos: perguntas focalizadas (semi-estruturadas) e observação participativa informal. Os dados foram analisados com a ajuda do programa MAXQDA e interpretados segundo o método análise de conteúdo qualitativo. Constatou-se que, a maioria d@s professor@s pesquisad@s trabalham as questões de gênero numa perspectiva tradicional (guris são desorganizados, agressivos; garotas são organizadas, meigas, etc.) ou, ainda, de acordo com a perspectiva neutra (como se el@s fossem iguais). Além disso, a heterogeneidade na sala de aula é vista de forma "negativa". A proposta é trabalhar gênero e diferenças culturais numa perspectiva da desdramatização/Entdramatisierung, isto é, reconhecer a existência de diferenças, e propor uma educação que invista no desenvolvimento de cidadãos "homens e mulheres", livres de estereótipos, apropriados para cada sexo e que, enfatize a competência e os princípios de responsabilidade, ética e cidadania.

Palavras-chave: doing gender, diferenças culturais, professor@s, pesquisa qualitativa.

1. Introdução

A pesquisa objetiva discutir e refletir sobre como as questões de gênero e as diferenças culturais são entendidas e trabalhadas no campo escolar, considerando os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, especialmente os Temas Transversais: relações de gênero e a pluralidade cultural, pelos 5º e 8º anos do ensino fundamental, de uma escola municipal, estadual e particular.

Em 1996 foram publicados no Brasil, com abrangência nacional, os PCNs com o intuito de oferecerem subsídios teórico-metodológicos @s docentes de todo o país, para que est@s pudessem desenvolver as suas práticas pedagógicas em sala de aula, considerando os temas eleitos pelos PCNs. Este documento propõe que o conhecimento escolar seja organizado em diferentes áreas, conteúdos e temáticas sociais, as quais devem contribuir para a compreensão e intervenção na realidade em que vivem @s educand@s.

Neste contexto, busca-se pesquisar duas temáticas que fazem parte dos "Temas Transversais": Pluralidade Cultural (Volume 10.3) e Educação Sexual e Relações de Gênero (Volume 10.6). Mais especificamente, objetiva-se pesquisar o que @s professor@s pensam sobre estas temáticas e, também, como el@s trabalham-as com @s alun@s durante o período de aula.

Professor@s podem transmitir, consciente e/ou inconscientemente, valores sobre os papéis considerados como masculinos e femininos numa sociedade, legitimando atitudes preconceituosas. Também podem re-construir novos valores e significados com seus alun@s, sobre as relações de gênero e as diferenças culturais. Entretanto, para isto que isso ocorra, é necessário uma educação que invista no desenvolvimento de cidadãos "homens e mulheres", livres de estereótipos apropriados para cada sexo e que enfatize os princípios da competência, responsabilidade, ética, cidadania e respeito a si mesmo, ao outro e ao universo.

Cabe perguntar, como a escola pode educar meninas e meninos, numa mesma classe, respeitando as diferenças de gênero, classe social, religiosas e culturais? É possível à escola promover a construção de cidadãos reflexivos, autonômos, críticos, responsáveis, éticos e competentes, garantindo o direito de igualdade e qualidade para os diferentes indivíduos participantes do processo escolar?

2. Referencial Teórico

  • a) Abordagem de relações de gênero nos PCNs

  • Primeiramente será abordado sobre como o conceito de gênero é apresentado nos PCNs e, em seguida, o que a concepção de doing gender[1]pode contribuir na compreensão das relações de gênero nas escolas pesquisadas.

    No Brasil, apenas no final da década de 1980 iniciou-se a discussão de textos sobre gênero, principalmente nas academias. Estes, nos primeiros momentos, carregavam a marca da militância e estavam basicamente atentos às denúncias de opressão em relação às mulheres. No entanto, aos poucos, surgiu uma maior preocupação em ensaiar explicações sobre o assunto gênero, sob uma nova ótica, que foi conquistando espaço, principalmente no campo da sociologia, da história, da literatura e da educação[2]


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